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Geral 08/07/2022 14:34
Por: Redação

Riqueza ancestral: a crescente importância da paleontologia no município

O território onde Candelária está situada vem ganhando notoriedade científica em razão de descobertas a respeito de grandes répteis, dinossauros e mamíferos

  • Carlos Rodrigues: museu tem a tarefa de educar
  • Alunos da La Salle fizeram fósseis de gesso e aprenderam com personagens baseados em achados paleontológicos

A Candelária da Redução Jesuítica Jesus-Maria; do Botucaraí e de sua religiosidade popular; do Caminho dos Tropeiros e da Ponte do Império. Todas estas associações são verdadeiras e importantíssimas para o legado cultural e histórico associado ao município. No entanto, cada vez mais, a singularidade da riqueza paleontológica do solo candelariense vem ganhando destaque, sobretudo para a comunidade científica brasileira e mundial.

Segundo Carlos Nunes Rodrigues, curador do Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues, de uma perspectiva paleontológica, Candelária possui pelo menos três portais para o passado remoto, cada um deles abrindo uma janela para um tempo específico de uma linha evolutiva. As evidências encontradas nestes locais ajudam os cientistas a conhecerem aspectos decisivos da evolução dos grandes répteis, dos dinossauros e dos mamíferos, ocorridas há milhões de anos atrás.

Como exemplo, na região central do estado, mais especificamente na chamada Formação Santa Maria (da qual Candelária faz parte), foram encontrados os fósseis de dinossauros mais antigos do mundo, cuja datação remonta há mais de 230 milhões de anos atrás. Ademais, Rodrigues afirma que, no mundo, somente em Candelária e em Faxinal do Soturno as condições geológicas foram favoráveis para o processo de fossilização de um predecessor dos mamíferos. “Nós falamos muito em Candelária como cidade dos dinossauros, mas o que atrai os cientistas para cá são principalmente os mamíferos”, ressalta.

EDUCAÇÃO –  O curador do museu sabe do desafio e da importância de tornar acessíveis aos estudantes os complexos achados científicos, sobretudo para as crianças que visitam o museu. Para Carlos Rodrigues, o caminho para tornar a paleontologia didática é se utilizar de exemplos, historinhas e desenhos. “Hoje, acho que esse é o principal trabalho do museu”, reflete.

 

Tema é promovido nas escolas da rede municipal

Nesta Semana do Município, a Casa de Cultura hospedou uma iniciativa do Projeto Conhecendo Candelária. O projeto prevê, além de passeios com os estudantes da rede municipal, a realização de atividades lúdicas sobre a história do município. Dentre as atividades desenvolvidas pelos alunos, há um notável destaque para o tema da paleontologia.

E este fato não é um acaso. De acordo com Sheila Gass Schürer, coordenadora pedagógica da Secretária Municipal de Educação (SME), o desenvolvimento de habilidades com foco na paleontologia já consta nos planos de estudos da rede municipal de ensino. Dentre estas competências, a escola buscará criar familiaridade dos alunos com os registros fósseis encontrados no município e a respectiva localização de seus sítios arqueológicos.

Em 2019, pesquisadores e paleoartistas da UFRGS criaram desenhos infantis, representando os principais animais pré-históricos descobertos em Candelária.  O livro, distribuído em 2021 pela SME, já rendeu frutos. Conforme o professor de Ciências, Elias Vandi Gonçalves, de 24 anos, trabalhar o material em sala de aula despertou o interesse dos estudantes. Nas turmas do 6º ano da Escola La Salle, o livro desencadeou diversas atividades de ensino, culminando na confecção de fósseis a partir do gesso. Para o professor, é dever da comunidade proteger, divulgar e valorizar a riqueza deste patrimônio científico. “É através da educação que iremos conhecer os habitantes do passado e ver que nossa terra tem uma história rica e bela”, completa.