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Geral 24/04/2020 14:57
Por: Redação

Ministro Sérgio Moro pede demissão. E agora?

Como se não bastasse a grave crise causada pelo coronavírus, o país se vê envolvido em uma crise política e institucional com consequências imprevisíveis

A maior reserva moral do governo Jair Bolsonaro, o agora ex-ministro Sérgio Moro, pediu demissão. E agora? O país que luta contra uma pandemia planetária sem precedentes na história moderna, com reflexos gravíssimos na economia, agora se depara com uma crise política e institucional. O teor das declarações do ministro Moro, na entrevista em que tornou pública sua demissão, deixou a opinião pública estarrecida.

Já se sabe que para os bolsonaristas de plantão Moro vai se tornar um inimigo da pátria. Já circulam memes que o transformam em ícone comunista, pouco importando sua trajetória e sua contribuição para desmontar a máquina corrupta comandada pelo governo petista, através da saudada operação Lava Jato. Infelizmente, salta aos olhos de quem quer ver que mais uma vez o país foi atrás de uma onda, que cresceu e se fortaleceu na avassaladora corrente antipetista que tomou conta da população. A grande maioria do povo não votou em Bolsonaro. Votou, na verdade, contra o PT.

Não havia outra alternativa, dirão muitos. Verdade ou não, o certo é que está difícil defender ou mesmo justificar o comportamento do presidente Jair Bolsonaro. Seu governo foi respaldado por um grande apoio popular e a desesperada torcida do conjunto da sociedade brasileira para dar um jeito no país, após o fracasso, o acentuado grau de corrupção e a ineficiência dos governos petistas. Seu maior mérito certamente foi a escolha de alguns ministros, como Sérgio Moro e o também ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, além do ministro da Economia, Paulo Guedes, que, conforme alguns analistas, também está sendo fritado pelo presidente.

Infelizmente, sem querer fazer comparações, é preciso lembrar que a população brasileira, de tempos em tempos, se socorre de um salvador da Pátria. Assim aconteceu com Fernando Collor de Mello, que se apresentou como caçador de marajás e, assim, da noite para o dia, virou personalidade nacional e acabou eleito presidente da República. O final dessa história é bem conhecido. Lamentavelmente, neste momento em que a população precisa como nunca de uma liderança equilibrada e justa, capaz de encontrar soluções e alternativas para uma crise gravíssima que ameaça a saúde e a economia do país ao mesmo tempo, o presidente passa longe desse papel. O cenário daqui para a frente é imprevisível. Rezemos !