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Geral 28/11/2019 16:05
Por: Luciano Mallmann

Entrevista: Gujo Teixeira, o patrono, o homem e o poeta

O patrono da 16ª Feira do Livro de Candelária é o poeta regionalista gaúcho Gujo Teixeira. Exercendo esse papel de padrinho da tradicional festa dos livros, teve da cidade as melhores impressões possíveis, tendo lançado durante o evento sua obra "Escritos de terra". Além de poeta, Gujo é um homem que vê no seu trabalho do dia a dia, em contato com o campo e os animais, a matéria-prima básica para seus versos, nos quais se encontra entranhada uma realidade em que o homem do campo tem a oportunidade de se reconhecer. É com simplicidade e lucidez que Gujo fala de si e da sua escrita ao responder algumas questões propostas pela Folha de Candelária. Confira.

Folha: Qual a sua relação com as letras e qual o papel da literatura na sua vida?

Gujo: Eu tenho 47 anos. Em 2019 estou comemorando 30 anos de escrita de poesia. Por esse tempo, pode se calcular o papel da poesia na minha vida. Com ela coloco minha alma nas coisas que escrevo, meu sentimento. Ela é parte integrante da minha vida.

Folha: Quais são os aspectos fundamentais que você destaca em sua obra?

Gujo: Na verdade eu trato a poesia como uma forma de expressão, um desabafo, uma referência a algumas coisas de que gosto. Escrevo apenas sobre o que realmente conheço, o que vivo e presencio. Minha escrita tem como aspecto principal o sentimento do homem do campo tanto com o que ele vê quanto com o que ele sente.

Folha: Você tem 30 anos de escrita e 30 anos como leitor. Como define sua ligação com as letras?

Gujo: São 30 anos de poesia e mais de 30 como leitor, pois sempre gostei de ler. Tenho muitos livros, sempre fui um “comprador” de livros e um leitor muito mais assíduo. Hoje a correria do dia a dia me tira um pouco o tempo da leitura. Mas acredito que a poesia e a minha escrita são coisas que quem vive no campo e quem conhece a lida do homem tanto no dia a dia como a parte existencial, se reconhece dentro dela.

Folha: Na sua opinião, qual a importância da leitura e que papel ela exerce na formação do cidadão?

Gujo: Acredito que a leitura seja uma das principais formas de uma pessoa se entender – e se fazer entendida também. Creio que não é um bom escritor quem antes não é um bom leitor. A leitura é onde você vai realmente aprender, adquirir conteúdo e subsídio para sua vida. Aprendemos muito vendo e também ouvindo, mas a leitura é uma das principais maneiras de aprender.

Folha: Na sua opinião, como a leitura se relaciona com a tecnologia? Como vê os leitores de hoje?

Gujo: Para os leitores de hoje, apesar de as tecnologias estarem aí, o livro ainda serve como referência. Acho que isso não vai se perder nunca. Penso que o livro físico não vai ser substituído tão cedo. As pessoas ainda têm o livro como parceiro para qualquer movimento. Ele não precisa de tomada elétrica nem de bateria para ser lido.