Colheita do trigo inicia com preocupação

Os primeiros relatos da colheita de trigo de 2023 viraram sinônimo de preocupação. As geadas de agosto e a chuva recorde de setembro tem trazido aflição aos produtores, que estão iniciando a safra em Candelária. Um destes produtores é Alberto Prass, de 41 anos, morador do Rincão do Simião, que iniciou a colheita na última terça, 10. Pelo segundo ano consecutivo, ele está apostando no trigo como alternativa de inverno. “A produção do ano passado superou as expectativas, pois colhi uma média de 78 sacas por hectare”, relembra. Os bons resultados motivaram Prass a ampliar a área plantada neste ano para 40 hectares, sendo 10 a mais que no ciclo anterior. No entanto, a projeção de colheita para este ano não é satisfatória. Os fatores apontados pelo produtor, que tem a soja como sua principal fonte de renda são o excesso de chuva, a queda na exportação e o preço do cereal. Ele conta que não teve grandes problemas com doenças como a giberela, que costuma atacar o trigo na fase da floração. “Estava tudo indo bem até 3 de setembro, quando iniciou aquele período de chuva. Somente entre setembro e outubro foram registrados 600 milímetros de chuva na propriedade. Com essa chuvarada, a planta estagnou ao invés de encher os grãos”, conta. Desta forma, o produtor tem uma projeção de quebra de 60% com relação à última safra. “É cedo para falar em prejuízo, mas é um cenário que preocupa sim, pois a expectativa é de colher 40 sacas por hectares na safra atual”, afirma. Caso a projeção se confirme, o produtor revela que deverá apostar em outra cultura de inverno no próximo ano. 

ÁREA – Pelo segundo ano consecutivo, Candelária terá uma área cultivada de 1.100 hectares do cereal. Os números são da Emater/RS-Ascar de Soledade, que engloba o Vale do Rio Pardo. 

Safra inicia com redução na produção 

Aos poucos, a colheita do trigo vai avançando no município. Segundo o engenheiro agrônomo do Escritório de Planejamento Agrícola e Consultoria de Candelária (Agrican), Adalton Siqueira, os primeiros resultados são inferiores ao da safra passada. “As lavouras colhidas apresentam uma redução da produtividade, em relação à expectativa inicial. A média da produção está em 50 sacas por hectare. O preço da saca de 60 quilos também baixou consideravelmente (está sendo comercializada em média por R$ 66,00). É um valor bem abaixo da safra passada, onde o valor variou entre R$ 80,00 e 90,00”, comenta. 
Ainda conforme Adalton, o trigo precisa de peso hectolitro, também conhecido como PH, de no mínimo 78, pois o preço pago pelo trigo leva esse fator esse consideração. “Chuva e falta de luminosidade podem contribuir negativamente para isso”, enfatiza.