Por: Mariana Bataioli
Pesquisador é reconhecido entre os mais influentes pela Universidade de Stanford
DE CANDELÁRIA AO MUNDO | Joel Henrique Ellwanger, 37 anos, destaca a importância da dupla formação em Nutrição e Ciências Biológicas, do incentivo familiar e das oportunidades para construir uma carreira científica internacional
O fascínio pela ciência surgiu cedo na vida do
candelariense, Joel Henrique Ellwanger, de 37 anos. Incentivado pela avó e pela
mãe, ele participou ainda criança de sua primeira feira de ciências, em 1996, realizada
em Candelária. Livros, revistas e pequenos experimentos feitos em casa
alimentaram um sonho que, anos mais tarde, se tornaria realidade. “Minha avó
foi fundamental. Ela sempre me motivou, e o filme Jurassic Park também ajudou a
despertar aquele universo científico na minha imaginação”, relembra.
A escolha pela graduação começou pela Nutrição, área
que, segundo Joel, permitiria aplicar rapidamente descobertas científicas na
prática clínica. No entanto, ao longo do curso, o interesse se expandiu.
“Percebi que eu queria estudar tudo: zoologia, botânica, genética, ecologia.
Então ingressei também em Ciências Biológicas para complementar minha
formação”, explica.
A dupla graduação hoje se mostra essencial para seu
trabalho no Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS), onde atua como pesquisador de pós-doutorado. Suas linhas de
pesquisa envolvem os aspectos biológicos de elementos metálicos. “Minha área
integra tanto a nutrição quanto as ciências biológicas. Pesquiso como os metais
influenciam células, processos infecciosos e a saúde humana”, afirma.
Durante a trajetória acadêmica na Universidade de
Santa Cruz do Sul (UNISC), Joel enfrentou um desafio constante: o tempo. Entre
aulas, bolsas de pesquisa e trabalho como técnico do Laboratório de Histologia
e Patologia, conciliar todas as atividades exigiu disciplina e organização.
“Ser técnico moldou minha rotina. Lá não podia haver erro, tudo tinha prazo.
Isso influenciou muito a forma como trabalho atualmente”, conta.
A influência dos professores também foi
determinante. Segundo ele, foram os docentes da UNISC que consolidaram seu
desejo de seguir a carreira científica e guiaram suas escolhas no mestrado e
doutorado, especialmente nas áreas de biologia celular, molecular e genética.
Um dos momentos mais marcantes da trajetória foi a contratação
como técnico do laboratório. “Foi quando senti meu trabalho reconhecido. Eu já
havia sido bolsista ali, e ser selecionado entre vários candidatos foi
especial”, recorda.
Hoje, além das atividades na UFRGS, Joel colabora
com a bióloga peruana Dr.ª Jacqueline Valverde-Villegas, pesquisadora no
Instituto Sanger, em Cambridge, uma das instituições científicas mais renomadas
do mundo. O reconhecimento internacional ganhou proporções
ainda maiores quando Joel foi incluído pela Universidade de Stanford entre os
pesquisadores mais influentes do planeta. “Foi um incentivo enorme. Senti que
estou no caminho certo.” Ele acredita que dois fatores foram decisivos: o alto
número de artigos como primeiro autor e o volume de publicações em idade
relativamente jovem, são mais de 100 trabalhos aos 37 anos.
Quanto ao futuro, Joel pretende aprofundar os
estudos sobre metais, integrando de forma cada vez mais sólida a biologia e a
nutrição, além de fortalecer parcerias nacionais e internacionais.