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Rural 14/01/2022 09:25
Por: Odete Jochims

Como a falta de chuvas tem afetado o campo

Apesar da preocupação com a estiagem, especialistas afirmam que prejuízos só poderão ser estimados com precisão a partir das próximas chuvas

O déficit de chuvas tem sido motivo de grande inquietação entre os produtores rurais candelarienses. Mesmo que as principais culturas do município (o tabaco, o milho, o arroz irrigado e a soja) estejam vivendo realidades diferentes frente à estiagem, todas estão sofrendo algum tipo de impacto do tempo seco. Além das lavouras, a pecuária também demanda atenção, sobretudo com uma possível falta de alimentos para o rebanho no futuro.

Segundo Carlos Loewe, da Afubra, grande parte do fumo, localizado em altitudes mais baixas, já foi colhido. As plantações de tabaco das partes mais altas (cerca de 10% do montante de fumo no município) costumam ser plantadas mais tardiamente. Estas já estão sendo afetadas pela estiagem, mas Loewe afirma que a ocorrência de chuva nos próximos dias pode alterar o panorama negativo destas localidades.

Já o milho pode ser dividido em duas categorias: o que foi plantado cedo e o pós-tabaco. Adalton Siqueira, da Agrican, explica que o ‘milho cedo’ já foi, ou está sendo, colhido. “A expectativa era colher 140 sacos de milho por hectare e os produtores estão colhendo em torno de 100 sacos. Houve, portanto, quebra de potencial produtivo, porém a colheita ainda é considerada satisfatória”, pondera. Muitos produtores de fumo tradicionalmente cultivam o milho na sequência da colheita do tabaco. No entanto, devido à ausência de chuvas, não há umidade no solo que possibilite o início do plantio do milho pós-tabaco.

Os produtores de arroz irrigado estão apreensivos, pois um prolongamento da estiagem pode fazer com que a situação se agrave rapidamente. Isso porque a imensa maioria das plantações de arroz do município ainda é dependente de rios e arroios para a irrigação e estes estão com seus recursos hídricos virtualmente esgotados. “Ainda não houve abandono de áreas de arroz. O que existe, no entanto, é falta de água para irrigação e, a cada dia que passa, o problema tende a se agravar”, observa Adalton.

No entanto, a maior preocupação, hoje, é a soja. “Grande parte da área plantada está ainda em floração, recém começando a formar as vagens. Nessa fase do desenvolvimento da soja, ela necessita de aproximadamente 5mm por dia, cerca do 150mm por mês. E para, se ter uma ideia, nos últimos meses choveram entre 50 e 80mm por mês. Então existe um déficit muito grande de chuvas. Já vemos algumas lavouras com perdas, mas mensurar isso ainda é complicado”, analisa Adalton.

Em sua opinião, as chuvas previstas após a onda de calor serão um divisor de águas: “se chover a ponto de umidificar o solo, ainda haverá uma produtividade satisfatória no arroz e na soja; se não chover o suficiente, aí realmente a situação vai ficar bem difícil”, conclui.