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Região 05/03/2021 10:34
Por: Diego Foppa

Um salão que marcou época e gerações

Salão Maus, em Novo Cabrais, funcionou entre 1981 e 2013 e foi uma referência quando o assunto era baile na região

  • Localizado em Novo Cabrais, Salão Maus funcionou por mais de três décadas
  • Altamir Machado: “muitas gerações ficaram marcadas, principalmente das décadas de 80 e 90”
  • Memória: estabelecimento se tornou ponto de encontro de várias gerações
  • Restaram lembranças: fichas de bebidas e ingressos ainda estão guardados em algumas gavetas do salão, que atualmente é utilizado como garagem

“Ah, no meu tempo...”. Quem tem contato com pessoas mais velhas, certamente já ouviu esta frase acompanhada de um suspiro nostálgico. E se o tema é baile, o Salão Maus, localizado à margem da RSC-287, em Cortado, Novo Cabrais, possivelmente já foi citado como um ponto de festa. Fundado em 7 de fevereiro de 1981, quando o município ainda era distrito de Cachoeira do Sul, o Maus marcou época e gerações, deixando lembranças na memória de quem frequentou o local. A ideia de construir um local para festas partiu de Aldino Maus, proprietário da área. “Nossa região não contava com muitas opções de locais para festas. Foi uma aposta que deu certo”, conta Altamir Machado, que é genro do proprietário, mas que também administrou o local por cerca de 18 anos, juntamente com Dejalmo Maus, o Panela – in memorian, como era conhecido o irmão de Aldino. “Quando assumimos, o salão já era um sucesso absoluto na região. Procuramos apenas dar continuidade no trabalho”, relembra Altamir. 

No local, as festas eram mensais e aconteciam sempre no primeiro sábado de cada mês. Além disso, o baile de réveillon também era uma tradição, como conta Altamir. “O Baile de Ano-Novo era um dos maiores. Muitas famílias passavam a virada do ano em suas casas e logo depois se reuniam no Maus para festejar”. Segundo Altamir, as lembranças de determinadas festas não se apagam da memória, como a do baile com a banda Os Atuais. “Todo mundo gostava deles, mas estavam sempre com a agenda lotada. Conseguimos traze-los para tocar aqui e foi impressionante. Na época, tivemos que improvisar um potreiro nos fundos da nossa casa como estacionamento, pois era muita gente. Foi a primeira vez que eles se apresentaram em Novo Cabrais”, recorda. Ainda conforme Altamir, nas mais de três décadas em que o salão funcionou, sempre eram pessoas da família que trabalhavam na copa e cozinha. “Pessoal conhecia a gente. Sempre mantivemos também a mesma equipe de segurança, que era de Paraíso do Sul, bem como uma parceria com empresas de ônibus de diversos municípios. Ao todo, eram 12 lotações, mas com um pessoal que vinha realmente com o objetivo de se divertir”, ressalta. 

SEGUNDO AMBIENTE – Em 2009, o salão passou por modificações e ganhou um segundo ambiente, que ficou conhecido como “inferninho”. Contudo, Altamir revela que o apelido surgiu devido a uma brincadeira dele próprio. “Era um ambiente com muitas luzes e música eletrônica, destinado aos mais jovens. Um certo dia comentei com alguém, que aquilo não era para ser frequentado por pessoas com mais idade como eu, pois parecia um ‘inferninho’ devido as luzes”, diz aos risos. 

 

Ponto final na trajetória em 2013

Em 2013, Altamir revela que decidiu colocar um ponto final na trajetória do Salão Maus como casa de festas. A decisão não foi fácil, segundo ele, mas era necessária devido ao aumento com as despesas e problemas de saúde. “O salão estava com tudo em dia e tínhamos um público fiel, mas achamos que a melhor decisão era encerrar este ciclo”, comenta. 

Atualmente, o local que foi palco de grandes bailes, festas de comunidade e casamentos, serve como garagem apenas. “Até hoje algumas bandas entram em contato comigo se oferecendo para tocar no salão. Foi uma época fantástica, muito divertida. Muitas gerações ficaram marcadas, principalmente das décadas de 80 e 90”, finaliza Altamir, que também é taxista no município há quase 20 anos. Já Aldino, atualmente está com 83 anos e é aposentado. 

Fotos: Diego Foppa • Folha