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Geral 26/07/2024 14:19
Por: Odete Jochims

Uma história de amor pela língua alemã

Nascida na Linha Ana, uma pequena localidade rural, Olívia Mundstock cresceu em um ambiente onde o alemão era a língua predominante. Desde cedo, ela teve como primeiro idioma o alemão, ainda que sua mãe, por ter sido professora na comunidade da Igreja Sinodal, falasse fluentemente tanto o alemão quanto o português.

Mesmo após ser alfabetizada em português na escola, Olívia continuou a cultivar seu amor pelo idioma germânico. “Eu tinha uma prima que estudava comigo e, entre nós, falávamos somente o alemão. Não para esconder o teor da conversa, mas porque gostávamos”, conta Olívia, com um sorriso.

O amor pelas línguas impulsionou Olívia a cursar Letras na faculdade, focando em português e inglês. Entretanto, o encontro profissional com a língua alemã só veio mais tarde, quando ela já trabalhava na Escola Rio Branco. Em 1988, a tutora de alemão estava de saída da cidade. "Ela disse para mim: ‘tu tens didática, tu conheces bem o alemão e pode assumir as aulas’. Desde então, a língua alemã passou a ser o meu chão", explica Olívia. Ainda naquele ano, ela ganhou uma bolsa para estudar na Alemanha e aprimorar ainda mais seu domínio do idioma.

Após se aposentar como professora do estado, Olívia seguiu lecionando alemão esporadicamente de modo informal. Vinte anos depois, ela foi convidada por um cursinho de idiomas para concluir um livro didático. “Já terminamos o livro e já adquirimos o outro”, complementa Olívia, evidenciando seu contínuo compromisso com o ensino.

As vivências de Olívia com o alemão permitiram que ela se conectasse com diversas pessoas dessa cultura, tanto na Europa quanto em sua própria casa no Brasil. Sua família sempre abriu as portas para hospedar alemães e outros estrangeiros que visitavam o país. Para registrar essas memórias, Olívia mantém um “Gästebuch”, ou seja, um livro de visitas.

Atualmente, aos sábados de manhã, Olívia se dedica a passar seu amor pelo alemão para seus netos, Érico, de 10 anos, e Sofia, de 5. "Como a Sofia ainda não é alfabetizada, eu faço um trabalho mais lúdico. Esses dias ela convidou mais três amiguinhas para participarem da aula. Agora eu me dei férias de julho e ela não gostou; vai sentir falta", relata Olívia, demonstrando a continuidade de sua paixão pelo ensino e pela língua alemã.