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Rural 15/09/2023 09:08
Por: Diego Foppa

Produtores iniciam a colheita do tabaco

Antecipação tem sido uma prática cada vez mais comum para driblar a falta de chuvas e evitar que a colheita seja realizada no auge do verão; Candelária já conta com cerca de 5% da área colhida

  • Adriano Padilha: plantio realizado em três etapas
  • Na propriedade na Sesmaria do Cerro, produtor iniciou a colheita no dia 14 de agosto

Enquanto alguns produtores há pouco começaram a plantar, outros estão na fase de colheita. A prática de investir em um ciclo diferente do tabaco, com plantio em torno dos meses de maio e junho, visando antecipar a colheita, tem sido cada vez mais frequente na região. A estratégia é uma maneira de driblar a falta de chuvas que tem sido constante nas últimas temporadas, bem como finalizar o trabalho mais cedo, evitando ir à lavoura nos dias de sol muito forte e calor. Dentre os agricultores que adiantaram o processo neste ano está Adriano Padilha, de 38 anos, que reside na Sesmaria do Cerro, interior de Candelária, e plantou 170 mil pés. Deste percentual, já colheu uma quantia para quatro fornadas, iniciando em 14 agosto. “É uma experiência. Realizamos o plantio em três etapas, sendo a primeira em 11 de maio e a última no dia 7 de setembro. Com isso, também é possível conciliar o uso das estufas”, conta. Até o momento, Adriano ressalta que o resultado tem sido ‘bastante satisfatório’. “Essa variedade de inverno tem se desenvolvido muito bem com folhas maiores nos pés. E, se o resultado final também for bom, a ideia continuar antecipando o plantio nas próximas safras”, comenta. 

BRAQUIÁRIAS – Adriano também destaca que em parte de suas lavouras tem apostado em práticas conservacionistas, visando uma melhor conservação do solo. “Fundamental para segurar mais os nutrientes na terra, evitar alagamentos com a chuva, bem como a erosão e, em consequência, temos menos ervas daninhas na plantação”, explica. 

TENDÊNCIA – Segundo o coordenador do Departamento de Mutualidade da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Carlos Loewe, é possível perceber uma forte tendência de antecipação no plantio do tabaco. Plantar um pouco mais cedo, acaba por ser uma via para garantir que as plantas estejam plenamente desenvolvidas mais cedo, e a colheita igualmente possa ser finalizada antes. “Os produtores estão, sim, muito receosos com a cultura no auge do verão, quando em dezembro e janeiro o sol forte faz com que a umidade evapore muito rápido, o que afeta a qualidade das folhas do meio pé para cima e, naturalmente, também a produtividade”, comenta Loewe. Atualmente, aproximadamente 5% da área de Candelária foi colhida. No entanto, ele explica que em regiões altas não é aconselhado a antecipação, pois as temperaturas são mais baixas e a existe um risco maior de ocorrer geada. 

Alerta para a chuvarada 
Vital para o desenvolvimento de qualquer cultura agrícola, a chuva quando em excesso pode trazer problemas aos produtores de tabaco. Somente neste mês, conforme dados da Afubra, Candelária já registrou mais de 300 milímetros de chuva. “O fumo pode crescer muito e as folhas não terem muito peso. Outro problema que pode ocorrer é as folhas murcharem. Além disso, no fumo recém-plantado o risco é de alagamento”, detalha. Desta forma, a orientação é plantar em cima de um camalhão, uma área mais alta para ter drenagem, pois a planta não gosta do excesso de umidade. 

Fotos: Diego Foppa • Folha