Logo Folha de Candelária
Geral 02/08/2024 08:57
Por: Diego Foppa

Município estuda trazer ponte desativada do Alegrete

Projeto apoiado pelo senador Heinze tenta viabilizar uma nova travessia para veículos sobre o rio Pardo, na divisa com o município de Vale do Sol

O isolamento de Candelária durante mais de 30 dias tornou-se um dos maiores problemas da população no período que se seguiu à maior tragédia climática já registrada no município. O dano estrutural na ponte do rio Pardo na RSC 287 deixou muito evidente a necessidade do município avançar em caminhos alternativos para deixar para trás definitivamente as dificuldades graves enfrentadas no pós-enchente. Nos últimos dias, surgiu um projeto que, embora pareça difícil de ser materializado, pode se tornar uma boa solução para essa realidade. A proposta é trazer uma antiga ponte em uma ferrovia desativada no município de Alegrete e reconstruí-la sobre o rio Pardo, entre a localidade de Rebentona e Vale do Sol. A ideia tem um padrinho ilustre: o senador candelariense Luis Carlos Heinze (Progressistas), que integrou uma reunião na Prefeitura de Candelária realizada no dia 25 de julho e que contou com a participação do prefeito Nestor Ellwanger (Rim), dos secretários municipais Flávio Karnopp e Jorge Mallmann, e diversos moradores da Rebentona. 

Na oportunidade, o senador Heinze disse já ter realizado os primeiros contatos com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), órgão responsável pela ponte situada sobre o arroio Inhanduí, em uma grande fazenda de Alegrete. Várias questões a respeito do projeto foram debatidas, como o estado da ponte, as condições logísticas para fazer o transporte e, especialmente, o custo-benefício das diversas etapas até a instalação da ponte em Candelária. A fim de analisar a viabilidade inicial da utilização da ponte de ferro, uma comitiva formada por Fabiano Kappaun, Lucas Schlitler, Sandor Gewehr, Natanael Glass e Uillian Simões Leão foi conhecer a travessia férrea de perto, em visita ao local no dia 27 de julho. Conforme relato de Fabiano Kappaun, a ponte está em ótimas condições, não apresenta nada de ferrugem, com capacidade de suportar inclusive caminhões, até porque a passagem será de um por vez. Para ele, a dificuldade maior será o transporte do material. Outra condição favorável, segundo registrou, é a característica de ter um vão livre, com apoio nas duas extremidades, “Ficam 40 metros de vão livre no meio do rio para não ter perigo de trancar nada”, salientou. Segundo informações de um engenheiro consultado, a ponte tem uma placa indicando uma capacidade de 16 toneladas por eixo. Ainda de acordo com o mesmo engenheiro, três meses antes da interrupção definitiva da linha, foi feita uma reforma no trajeto da ponte, o que aumentou a capacidade para 20 toneladas por eixo. Isso significa, segundo acrescentou, que a ponte está em perfeitas condições, pois foi reformada poucos meses antes da desativação da linha férrea. 

Ouvido a respeito da possibilidade de instalar a ponte de ferro, o prefeito Rim declarou que, caso se concretize a obra, será uma grande conquista para a comunidade, abrindo um novo caminho para a travessia do rio para veículos. O chefe do Executivo informou que já determinou à sua equipe de governo fazer contatos com o DNIT para verificar os trâmites necessários. O prefeito também acrescentou que a concretização do projeto passa também pela análise de viabilidade técnica e financeira. Mas ele acredita que com o apoio do senador Heinze e pelas primeiras impressões as perspectivas são positivas. O prefeito de Vale do Sol, Maiquel Silva, também se mostrou entusiasmado com a iniciativa. “Vamos alinhar para fazer dar certo”, enfatizou.

 

SAIBA MAIS 
A Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS) resolveu construir um ramal ligando a cidade de Alegrete ao rio Quaraí, na divisa do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Iniciada nos anos 1920, somente 11 anos depois ela chegou ao rio Quaraí-Mirim, um afluente do Quaraí, para em 1939 atingir a estação de Quaraí, às margens do rio e na divisa com o país vizinho. De acordo com relato escrito no Blog do Ralph Giesbrecht, o ramal foi extinto em 1980. O trecho tinha 123 km, “que os trens de passageiros percorriam em pouco mais de 3 horas, em trens mistos, que geralmente não respeitavam horários”. Das estações, somente sobraram inteiras as de Quaraí e de Baltazar Brum. O resto são ruínas ou foram demolidas. O texto do citado blog menciona que também sobraram as pontes. “Pelo menos duas, uma sobre o Quaraí-Mirim, e outra sobre o arroio Inhanduí, que hoje não servem rigorosamente para nada”. Uma dessas pontes é a que está em tratativas para ser trazida para Candelária, na divisa com Vale do Sol.