Por: Mariana Bataioli
O sexto Natal vivendo na Austrália
ESPECIAL DE NATAL | Morando fora do país há seis anos, Luis Eduardo Alves Doebber relembra as tradições natalinas no Brasil, fala sobre os desafios da distância e reflete sobre o valor do tempo e da família
Deixar o Brasil não era, inicialmente,
um plano com destino certo. Para Luis Eduardo Alves Doebber, de 31 anos, a
Austrália surgiu como possibilidade após muita pesquisa e a influência de
amigos que já planejavam a mudança. O que o motivou foi a busca por melhores
condições de vida e, principalmente, a chance de conciliar o presente com o
futuro. “Sempre quis conhecer mais lugares e aproveitar mais a juventude. Vejo
muitas pessoas sacrificando os 20 ou 30 anos para tentar ter um futuro melhor,
e eu queria viver os dois ao mesmo tempo”, explica.
A mudança aconteceu de forma rápida e
quase inesperada. Luis chegou à Austrália em setembro e, poucos meses depois,
já vivia uma realidade completamente nova. O primeiro Natal longe da família
foi passado na casa de amigos, experiência que marcou sua trajetória fora do
país. “Não foi exatamente uma decisão, foi uma consequência. Aqui, os amigos
acabam se tornando família”, relata. Atualmente empresário no ramo de
instalação de móveis projetados, ele destaca a gratidão por ter, no exterior,
pessoas que representam o carinho e os valores aprendidos com a família no
Brasil.
Apesar da adaptação e das
oportunidades, a distância cobra seu preço. O que mais pesa para Luis é o tempo
e os momentos que não podem ser recuperados. Nascimentos de primos, casamentos,
batizados e encontros familiares importantes acontecem sem sua presença. “Essa
época do ano é quando mais reflito sobre tudo o que passou, e esses momentos
fazem muita falta”, afirma. Criado pela avó Nádia Alves, ele guarda com carinho
as lembranças do Natal em família, sempre marcado por fartura, presentes,
crianças felizes com o Papai Noel e o tradicional amigo secreto, que
movimentava a casa meses antes da data.
As memórias afetivas também trazem
saudade de quem já partiu. A avó Lair, responsável pela comida típica das
celebrações, faleceu recentemente, mas segue viva nas lembranças da família. “Ela
sempre será lembrada em nossos corações”, destaca. Para Luis, quanto mais o
Natal se aproxima, maior é a saudade do Brasil, do verão vivido em casa, das
férias da faculdade, das confraternizações, dos amigos e até do futebol,
elementos culturais que fazem falta no dia a dia fora do país.
Além da distância, as diferenças
culturais também tornam a data especial. Na Austrália, o Natal costuma ser
celebrado de forma mais simples, geralmente com um almoço em família no
domingo, enquanto no Brasil a tradição é a reunião na noite do dia 24. Já são
seis Natais longe de casa, e cada um deles reforça a importância dos laços
familiares e do aproveitamento do tempo. “O tempo é o nosso bem mais valioso.
As lembranças são o que ficam”, reflete.
Ao final, Luis deixa uma mensagem que
resume sua experiência como brasileiro vivendo no exterior: “A distância dói,
mas o amor permanece. Que este Natal traga paz ao coração e a certeza de que os
laços verdadeiros não se perdem, mesmo estando longe”.