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Rural 23/07/2021 10:16
Por: Odete Jochims

No Museu Rural cada objeto simboliza o conjunto do acervo: a luta do colono

O Museu apresenta diversos objetos da vida do colono

  • Marlise e Cláudio Hennig exprimem receio pela continuidade do Museu Rural

O melado produzido na propriedade é comercializado na Feira Rural do município. O início da produção data mais ou menos da época da criação da feira na cidade. Vendo sob esse aspecto, o próprio melado já pode ser considerado como parte da história, tanto de Marlise e Cláudio como de Candelária. Em comum com os antigos objetos do museu, o produto possui a autenticidade que é característica apenas das coisas com um sabor comprovadamente fiel às tradições do passado de determinados lugares.

Interrogados sobre o valor inerente ao museu, tradição hoje materializada no legado de oito gerações de uma mesma família, tanto Marlise como Cláudio não hesitam em responder que, por trás de cada objeto, o que fica simbolizado no conjunto do acervo é a luta do colono, vivida dia após dia, e que subsiste, ao menos por enquanto, como testemunho maior da vitória sobre um grande desafio, bem como nas respostas dadas a esse desafio. Tal resposta consiste no modo de vida de cada uma das tantas pessoas envolvidas nessa longa trajetória. De um modo particular, essa sentença equivale ao que se respondeu ao desafio de viver, imposto a cada um - seja em tempos de pandemia, seja em anos de guerra ou em períodos de paz. A luta pela sobrevivência, a sucessão das gerações e do próprio tempo persistem silenciosas em cada utensílio do museu e talvez constituam o desafio maior e mais urgente. Por mais que pareça algo puramente natural, talvez a maior dificuldade seja mesmo evitar que essa perpetuação seja interrompida por algum revés inesperado. Como o fluxo subitamente paralisado de um rio que, imemorial, corria fluente desde os tempos mais remotos.