Candelária terá o menor número de candidatos ao Legislativo em 48 anos

Quando se trata de eleições legislativas do município em 2024, fala-se muito da redução do número de assentos disponíveis para posse na Câmara de Vereadores de Candelária – de 13 para 11.  Contudo, outra redução, a do número de candidatos no atual pleito, é não apenas significativa, mas histórica. 

Este ano, foram registradas 50 candidaturas do Cartório Eleitoral. Uma candidata do Progressistas, no entanto, desistiu de concorrer, dando os números finais de 49 postulantes ao cargo de vereador. Se compararmos com a eleição anterior, em 2020, com 84 candidaturas (o maior número do registro histórico), e a deste ano, identificamos uma redução de mais de 40%.

A reportagem da Folha seguiu realizando comparativos com os números de eleições anteriores. Em 2008, 2004, 1996 e 1982, segundo dados do Cartório Eleitoral e do Supremo Tribunal Eleitoral, também foram registrados números baixos, na casa dos 50 vereadores. Entretanto, para encontrarmos 49 candidatos ou menos, foi necessário que retornássemos ainda mais ao passado, na época da vigência do regime militar no Brasil.

Num contexto de menor acesso à esfera pública, os números minguam. Em 1976, Candelária teve 42 candidatos a vereador; em 1972, 25 candidaturas; e em 1968, 22 postulantes ao cargo de vereador. Já de 1959 para trás não há mais dados disponíveis envolvendo o número de candidatos, somente de quem foi efetivamente eleito. 

Uma das principais explicações para um índice tão baixo de candidatos a vereador tem a ver com a redução do número de partidos com diretório válido em Candelária. De acordo com o chefe do Cartório Eleitoral de Candelária, Rodrigo Collar, na última eleição, em 2020, o município teve 10 partidos com a possibilidade de participar do pleito. Já em 2024, esse número caiu para apenas 7. “Esses três partidos a menos, caso participassem, poderiam registrar até 36 novas candidaturas. Se fosse o caso, a tendência é que tivéssemos mais ou menos o mesmo número da última eleição”, avalia.

Outro fator destacado por Collar é a mudança da regra eleitoral, colocada em prática pela primeira vez no pleito de 2020, a qual proíbe a coligação em eleições para cargos proporcionais (vereadores, deputados estaduais e distritais e deputados federais). A partir de então, os candidatos a vereador somente poderão disputar o cargo por meio de chapa única dentro do partido pelo qual estão filiados.

Além disso, como terceiro elemento, o chefe do Cartório Eleitoral também cita a diminuição no número de assentos da Câmara (de 13 para 11), ocasionado pelo Censo de 2022. O levantamento feito pelos recenseadores identificou que Candelária ficou abaixo do limiar de 30 mil habitantes. Segundo tabela prevista na Constituição Federal, municípios entre 30 a 50 mil habitantes terão 13 representantes na Câmara municipal, enquanto de 15 e 30 mil, terão 11.