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Geral 16/04/2022 12:24
Por: Redação

Romaria reedita tradição centenária no Morro Botucaraí

Encenação da Paixão e Morte de Cristo emocionou presentes. Manifestações de fé incluíram pagamento de promessas por graças alcançadas

  • Vários fieis registraram imagens da encenação
  • Gustavo Lima Lopes interpretou Jesus Cristo: emocionante
  • Elane Bringmann: encenação maravilhosa
  • Padre José Carlos Stoffel: celebração e bênção aos fieis
  • Prefeito Rim e outras autoridades prestigiaram o evento e parabenizaram o grupo de teatro
  • O casal Alessandra e Fabiano com a filha Sophia: graças alcançadas
  • Padre José Carlos Stoffel com Leonel Moraes, o guardião do cajado do monge

Não existem registros precisos sobre a origem da peregrinação ao Morro Botucarai na Sexta-Feira Santa que antecede a Páscoa. O que se sabe é que a romaria é centenária, reunindo pessoas de municípios próximos e até distantes, atraídos pela aura de misticismo e crença popular que a cerca. Na data de 2 de abril de 1986, em sua primeira cobertura do evento, a matéria da Folha iniciou com o seguinte texto: “Os motivos que levaram até lá cada uma das cerca de duas mil pessoas que se concentraram no Cerro do Botucaraí na sexta-feira santa pouca gente, ou talvez ninguém, possa explicar com exatidão”. Esse preâmbulo poderia ser usado com todas as letras para a romaria deste ano, ocorrida na sexta, 15, passados 36 anos, inclusive na informação sobre a participação popular, estimada em cerca de duas mil pessoas, segundo os responsáveis pela realização, a cargo da Secretaria Municipal de Turismo, Cultura e Esporte. Um pouco antes das 10h da manhã, o padre José Carlos Stoffel realizou uma celebração, valorizando a mensagem cristã do sacrifício de Jesus Cristo. O sacerdote também abençoou os fiéis, além dos ramos de chás e os recepientes com água carregados por eles. O atual guardião do cajado do monge João Maria Agostini, Leonel Moraes, também marcou presença. Ele herdou a única relíquia conhecida do monge do seu bisavô, que a recebeu das mãos do proprio eremita, que viveu no Botucaraí no período entre 1845 e 1848.

Prejudicada nos dois últimos anos em razão da pandemia da covid-19, a movimentação junto ao Botucaraí foi mais uma vez valorizada pela encenação da Paixão e Morte de Cristo pelo Grupo de Teatro Municipal Cara & Cor’agem. A coordenadora do grupo, a professora Lilian Schünke, registrou que a história dos últimos dias de Jesus Cristo na terra é finita. “Mas a maneira de contar é infinita”, acrescentou. Neste ano, o grupo contou a história sob o olhar de uma personagem polêmica, conforme observou: Maria Madalena. O texto, segundo explicou, procurou resgatar a personagem sob o prisma de que era uma das principais seguidoras de Jesus e por ter compreendido com fidelidade sua mensagem. “Por isso, a encenação buscou enfocar a atenção do mestre aos excluídos: os doentes, os pobres e as mulheres que, na época, também eram bastante excluídas na sociedade”, observou. Em torno de 30 pessoas participaram da peça, entre atores e figurantes. Entre eles, o jovem Gustavo Lima Lopes, de 19 anos, foi bastante cumprimentado ao final por sua interpretação como Jesus. Ele participa do grupo há cinco anos e pela primeira vez fez o personagem principal da encenação da Paixão e Morte do Cristo. Ele disse ter sido muito rica a experiência. Segundo Gustavo, foi algo emocionante, não só pela interpretação que a peça lhe exigiu, como também pela história. A intensa carga dramática e o realismo das cenas trouxeram também emoção para o público presente. Elane Bringmann, 47 anos, que trabalha como safrista, não conseguiu esconder sua emoção durante a apresentação, que assistiu pela primeira vez. “Achei maravilhosa a maneira diferente como a história foi contada. Foi a encenação que eu mais me emocionei até hoje”, salientou.

Família cumpre promessa por graças alcançadas

Entre o grande contingente de fiéis presentes, a reportagem da Folha encontrou uma família residente no interior de Rio Pardo, que participou da peregrinação para cumprir promessas por bênçãos alcançadas. Segundo explicou Alessandra Pasço, 34 anos, o seu marido Fabiano sofreu um grave acidente de motocicleta. Além de pedir por sua completa recuperação, o casal também pediu uma bênção em favor da cura de uma deficiência da filha Sophia. Conforme Alessandra, as duas graças foram alcançadas e, por isso, toda a família participou da romaria ao Botucaraí para demonstrar seus sentimentos de fé e de gradidão.