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Geral 05/04/2019 11:11
Por: Tiago Mairo Garcia

Gaaia Candelária denuncia invasão ao topo do Cerro Botucaraí

Suspeitos estavam acampados há 36 dias no local causando destruição da mata nativa

  • Suspeitos estavam acampados há 36 dias no topo do Cerro Botucaraí
  • O poço onde fiéis depositam moedas foi escavado
  • Placas serão instaladas com objetivo de identificar árvores nativas na trilha de acesso ao topo do Cerro Botucaraí

Cerro Botucaraí. Uma obra da natureza que encanta pela sua beleza e carrega uma diversidade de histórias e mistérios. E que se transformou em um dos principais pontos turísticos de Candelária, que tem o seu ponto alto com a romaria realizada anualmente e que atrai fiéis de todas a partes do Estado durante a Sexta-Feira Santa. Muitos enfrentam as dificuldades de subir até o topo com o objetivo de pagar promessas e agradecer pelas graças alcançadas através da fé. 
Durante o ano, o topo do cerro também é visitado por várias pessoas que têm o hábito de realizar trilhas e acampamentos na mata. Mas nem todos os cidadãos pensam na preservação ambiental do espaço. Em publicação em sua página pessoal na rede social Facebook feita na noite do último domingo, 31, o ambientalista Marcelo Coimbra da Silva, integrante do Grupo de Apoio, Ações e Ideias Ambientais (Gaaia Candelária) relatou que há algumas semanas vinha recebendo mensagens e telefonemas sobre a suposta invasão de pessoas que estariam acampadas no topo do Cerro Botucaraí. 
Durante uma trilha de rotina, realizada no último dia 24 de março, os integrantes do grupo se depararam com árvores cortadas, mudas nativas arrancadas e queima de lixo plástico no topo. Os integrantes também constataram que o poço utilizado por fiéis para depositar moedas em agradecimento durante a romaria foi escavado para a retirada de moedas novas e antigas depositadas no local. "Estas moedas são jogadas por fiéis há anos no poço, e não é justo que sejam roubadas desta forma", disse Marcelo.  
Conforme o ambientalista, eles encontraram duas pessoas acampadas no local no dia da trilha, mas há informações de que havia mais integrantes. "Um deles me disse que eles estavam realizando um retiro espiritual e cuidando do local", contou o integrante do grupo ambientalista. Após verificarem os fatos, o Gaaia entrou em contato com a Patram, de Cachoeira do Sul, e Ministério Público de Candelária. Os suspeitos, tripulando um automóvel Gol, de cor Preta, com placas de Sobradinho, levantaram acampamento na quarta, 27, após terem permanecido 36 dias no local. 
Marcelo relatou que as árvores cortadas no topo são nativas e demoram entre 10 e 15 anos para se recuperarem. Ele salientou que uma medida a ser tomada é a colocação de placas proibindo acampar no topo do cerro. "O que aconteceu foi lamentável. O Cerro Botucaraí é um patrimônio ambiental e histórico que precisa ser preservado. Não somos contra as pessoas acamparem, mas que se tenha mais cuidado para não deteriorar a flora e se respeite a história do local", destacou.
O secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Dionatan Moralles, lamentou o fato ocorrido. Ele relatou que só tomou conhecimento do fato após ser informado pelo grupo Grupo Gaaia Candelária.  Moralles afirmou que a secretaria se coloca à disposição para auxiliar as autoridades competentes nas investigações do fato. O secretário parabenizou o grupo Gaaia Candelária pelo trabalho de preservação que vem realizando no Cerro Botucaraí e pediu que os moradores da região informem a pasta em caso de alguma movimentação suspeita. "Peço que nos informem em caso de ver algum movimento estranho para tomar as providências cabíveis. É nossa a obrigação zelar pelos pontos turísticos do município", finalizou o secretário.