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Geral 29/12/2022 17:34
Por: Charles Silva

Apesar da estiagem, safra de milho deve atingir resultados satisfatórios

Área cultivada no município é de aproximadamente 5.130 ha., cuja maior parte está disseminada em áreas de lençol freático raso, onde não sofrem grandes perdas com a falta de chuvas

  • Foto: Arthur Lersch Mallmann / Folha de Candelária
  • Foto: Arthur Lersch Mallmann / Folha de Candelária

A influência do La Niña segue causando preocupação para autoridades do Rio Grande do Sul. Até o momento, doze municípios do estado já decretaram situação de emergência devido à falta de chuvas. Entre os principais afetados com a escassez hídrica estão os produtores rurais, que estão em meio ao plantio de culturas como milho e soja. No Rio Grande do Sul o milho é cultivado de modo secundário pela maioria dos produtores, cujo foco da produção costuma ser a soja, o arroz ou o tabaco. Contudo, o grão assume grande importância como insumo na criação de bovinos, suínos e aves. Em Candelária, a Emater aponta para a existência de aproximadamente 2.750 produtores de milho, os quais cultivam uma área equivalente a 5.130 ha. – menos de 2 ha. para cada agricultor. Além disso, cerca de 85% desta área só recebe o milho após a retirada do tabaco.

Estes números indicam que, para a maioria das famílias candelarienses, o milho é utilizado para a própria subsistência da propriedade rural e os prejuízos causados pela estiagem podem gerar graves consequências para centenas de famílias do município. Sobre o problema, o técnico agrícola e chefe da Emater/Ascar de Candelária, Sanderlei Pereira, relata que algumas lavouras foram afetadas pela estiagem, mas a maior parte do milho do cedo é cultivado na Linha do Rio e arredores, região caracterizada pela presença de lençóis freáticos mais rasos, que mitigam o prejuízo da seca. “Em relação ao milho que está a pleno plantio, é cedo para fazer apontamentos. Somente com o fechamento da safra, em junho do próximo ano, poderemos ter informações completas sobre o impacto da falta de chuva para a produção final da cultura”, concluiu.

O agricultor Edenir Ellwanger, de 59 anos, que sempre cultivou o milho em sua propriedade, na Linha do Rio, corrobora as informações passadas por Sanderlei. “Até o momento, não sofremos tanto com a falta de chuva. Quem plantou o milho aqui na região não tem do que se queixar. Se compararmos com o ano passado, com certeza está bem melhor. Tanto com o milho grão, quanto para silagem, estamos atingindo resultados muito bons”, afirma.

O produtor conta que, além do milho, trabalha em suas propriedades com o tabaco, a soja e com gado em confinamento. Embora o milho fosse cultivado, principalmente, como base alimentar para os animais confinados, Edenir tem descoberto na planta um forte aliado para melhorar seus resultados com a soja através da rotação de culturas. “Seguindo o exemplo de alguns vizinhos, há dois anos comecei a utilizar o milho em um sistema de rotação de cultura com a soja. Plantar esse milho cedo foi uma grande ideia, além permitir o cultivo de duas safras no verão, a palhada que fica ajuda muito na cobertura do solo, diminuindo as perdas com a seca e aumentando a produtividade da soja”, relatou.

De acordo com Sanderlei, os benefícios observados pelo produtor rural são reais e ainda vão além. “O milho é uma excelente cultura para fazer rotação com a soja, trazendo inúmeras vantagens aos produtores. Possibilita fazer a safrinha de soja após a retirada do milho nos cultivos do cedo, aumentando a renda por hectare. Aumenta a proteção do solo, incorporando matéria orgânica e reciclando nutrientes. Além de controlar doenças, pragas e ervas daninhas. A rotação de culturas se tornou uma prática fundamental para aumentar a estabilidade da produção rural. Principalmente em nossa região, que tanto sofre comas variações climáticas e problemas no solo”, pontua.