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Opinião 14/04/2021 08:09
Por: Redação

Por Erni Bender: Covid 19 – Eu venci

Em algum dado momento, me descuidei e acabei contraindo o vírus. Resultado: vivi as duas piores semanas da minha vida

É chato, mas é o assunto em qualquer lugar, especialmente na TV, o tal coronavírus, a temida covid-19, que já assolou e levou milhares de pessoas a realizar tratamento e, infelizmente, levou muitas ao óbito. É a realidade mundial. Alguns países parecem estar em uma fase mais tranquila, mas não dá para arriscar palpite, porque quando você acha que a coisa está diminuindo, ela estoura em algum lugar. Não existe lógica e arrisco dizer que ninguém sabe ao certo como o vírus atua e progride em nosso organismo. Portanto, é uma grande incógnita para todos.

Antes de mais nada, sou do grupo de risco, já que possuo duas doenças que são agravantes para quem pega covid e, portanto, tomei as minhas precauções de usar máscara, álcool em gel e mantive o distanciamento. Em algum dado momento, porém, me descuidei e acabei contraindo o vírus. Resultado: vivi as duas piores semanas da minha vida.

Comecei tomando um tipo de remédio e pensei: esse coronavírus é uma semana e deu. Na época achei que ia enfrentar o vilão de cabeça erguida. E até foi mais ou menos na primeira semana: falta de apetite, alguns alimentos já não sentia o gosto, mas pensei que uma semana eu aguentava. Porém, a realidade se mostrou bem outra. Comecei a sentir o peso dos efeitos da covid em um domingo e na terça feira eu estava entregue à cama, mal, com muitas dores no corpo.

Passada uma semana e eu achando que ia melhorar, tive a ingrata surpresa de ver meu quadro clínico piorando vertiginosamente, a tal ponto que meu médico, meu amigo pessoal Dr. Vasco, me mandou num domingo de manhã para o hospital. Com dores fortes pelo corpo e uma certa dificuldade de respirar, lá fui eu, temeroso de que talvez tivesse que ficar na casa de saúde. De pronto, fiz um raio X e constatou-se que eu estava com uma mancha no pulmão. Na minha cabeça, alerta vermelho. Eu estava com covid, com uma mancha no pulmão e, na época, não havia nenhum leito de UTI disponível na região. Meu psicológico chegou a abalar e pensei que não voltaria mais para casa. Porém, graças ao bom Deus e ao bom Dr. Vasco, a quem sou eternamente grato pela rapidez no tratamento, esse novo quadro foi alterado, especialmente em razão dos remédios que ele me receitou, que fizeram com que uma saturação de 92% no domingo às 10hs passasse para 95% no mesmo domingo às 15hs.

Preciso dizer para vocês que, claro, fiquei com medo, mais medo ainda de passar para outras pessoas o vírus, preocupação que tive constantemente. Portanto, segui o óbvio: nada de visitas nem de sair de casa, apesar de ter infectado minha esposa Miriam, que não teve sintomas fortes como eu, mas sofreu ao meu lado todos esses momentos. Ela ficou bem, que bom. Fiquei com medo de não ver mais minha amada neta, minha filha e genro, minha esposa, enfim, o pavor é muito grande quando pensamos que nunca mais poderemos ver as pessoas que amamos.

Tive dores fortes, mas muito fortes no corpo, nas costas especialmente, e no peito. Doía tudo, da cabeça aos pés, além da febre alta. A tal mancha no pulmão me obrigou a fazer uma tomografia, que constatou o tamanho da sequela, que ainda está sendo tratada e espero desapareça para sempre.

Neste momento, estou 7,5 kg mais magro, aguardo a vacina e creio que essa sim seja a solução, talvez não definitiva, mas que vai amenizar o surto dessa terrível doença. É importante salientar a dedicação do pessoal da saúde em atender a população, os riscos que correm, a pressão, mas eles estão firmes, tanto os que estão trabalhando na unidade da antiga Ulbra quanto os que trabalham no hospital. Esses estão diariamente enfrentando o medo e o risco de contrair essa doença e de talvez nunca mais voltar para os seus lares e familiares. Eu sobrevivi por enquanto e espero que a vacina chegue para todos de forma muito rápida. Nossa cidade tem se notabilizado na rápida vacinação. Então, vamos festejar, vamos valorizar a vida, vamos sorrir, agradecer cada dia vivido com a emoção de que fosse o último e continuar. Vou continuar, claro, escrevendo minhas experiências para dividir com você, prezado leitor.