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Rural 28/03/2025 07:08
Por: Diego Foppa

Produtores iniciam colheita da soja na região

Produtividade tem se mostrado variável em função das diferentes condições climáticas no último ano

A colheita de soja começou na região. O volume de produtores ainda é tímido, mas alguns já alcançaram um nível de umidade abaixo dos 15%, ideal para evitar perdas na lavoura com o movimento do maquinário. Um dos produtores que já deu início a colheita é Haro Rediske, de 59 anos, na localidade de Linha do Rio. A expectativa dele é de que esta safra seja um pouco mais rentável que as anteriores. “O início tem sido animador com uma média na casa das 70 sacas por hectare, pois trata-se de uma área que não foi tão afetada pela falta de chuva”, destaca. Dos 40 hectares cultivados pelo produtor, cerca de 20 são de ciclo mais curto. 

Conforme o engenheiro agrônomo do Escritório de Planejamento Agrícola e Consultoria de Candelária (Agrican), Adalton Siqueira, aproximadamente 15% de uma área estimada em 19,800 hectares em Candelária foi colhida. “A colheita tem avançado em áreas de ciclos mais curtos, plantados entre o fim de outubro e o início de novembro”, disse. Ainda segundo ele, para quem já está em meio à colheita e também de acordo com as perspectivas de quem ainda iniciará o processo, as produtividades são muito variáveis, por conta do ano de La Niña – com chuvas irregulares –, seguido pela estiagem que afetou algumas regiões. 

“Não choveu entre 20 de dezembro e 20 de janeiro. Esse cenário de um mês sem precipitações acabou afetando a maioria das regiões, prejudicando a cultura que estava em um estágio vegetativo, bem como a que estava em fase reprodutiva. Depois, quando voltou a chover, houve uma recuperação da cultura, mas em março teve outro período sem chuvas, o que causou perdas em cultivares tardios”, acrescentou.

QUEBRA – Com relação à produtividade, Adalton ressalta que a média de produtividade tem sido um mosaico de patamares produtivos no município. “Varia muito conforme a localização”, explica. Contudo, já é possível afirmar que haverá mais um ano de perda na produção agrícola gaúcha na soja, que é a principal cultura de verão. “A média a ser colhida indica uma quebra de 30% em cima da média histórica em anos normais. É um número que deve voltar a se repetir na atual safra”, projeta. No Estado, o presidente da Associação dos Produtores de Soja no Rio Grande do Sul (Aprosoja), Ireneu Orth, avaliou como assertiva a projeção realizada pela Emater/RS-Ascar para a quebra da soja no ciclo 2024/2025, divulgada no último dia 11, na Expodireto 2025. A empresa de extensão rural calcula uma retração de 30,4% na estimativa original da produção da oleaginosa.

Safra deve movimentar R$ 113 milhões em Candelária

Apesar da projeção de quebra, a atual safra da soja deverá movimentar em torno R$ 113 milhões brutos em Candelária.  O cálculo tem como referência as estimativas de produção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do mês de dezembro de 2024, com base nos dados obtidos nas Reuniões de Estatísticas Agropecuárias (Reagros Municipais) e a cotação dos produtos agrícolas feita pela Emater/RS-Ascar na última semana. Os números podem variar até o final da colheita, de acordo com as tendências de possível aumento na quebra da produtividade e valores de comercialização. A estimativa de produção em Candelária é de 53.064 toneladas, indicando um valor bruto total de R$ 113.203.200,00.

Senador Luis Carlos Heinze propõe renegociação de R$ 60 bi em dívida

Um projeto de lei no Senado permite a renegociação de até R$ 60 bilhões em dívidas de produtores rurais impactados por eventos climáticos extremos desde 2021. A proposição do senador candelariense Luis Carlos Heinze (Progressistas) prevê a securitização de operações de crédito rural contratadas até 30 de junho de 2025.

Com a securitização, as dívidas referentes a custeio, investimento e comercialização seriam transformadas em títulos negociáveis no mercado financeiro e lastreados pelo Tesouro Nacional. De acordo com o projeto de lei (PL 320/2025), podem ser beneficiados produtores rurais, cooperativas agropecuárias e agroindústrias de cidades que enfrentaram situação de emergência ou calamidade pública ou que tenham sofrido perdas comprovadas por laudo técnico agronômico. Segundo o projeto, os produtores teriam até 20 anos para pagar as dívidas securitizadas, incluindo um período de três anos de carência. A taxa de juros, com capitalização anual, varia de acordo com o perfil do produtor.

Na visão de Adalton, esse projeto iria desafogar alguns produtores. “A projeção é de quebra e existe um passivo de safras anteriores que precisa ser levado em conta. Hoje, quem possui arrendamento, tem um custo de produção que gira em torno de 50 sacas por hectare para empatar. É um cenário preocupante”, afirma. Atualmente, a saca está sendo comercializada por R$ 127,00 (valor bruto).