Mesmo depois de chuva, situação do abastecimento ainda preocupa

Apesar da chuva registrada no início da semana, o volume de água dessa precipitação não representou muito para Candelária, ao menos não no sentido de abastecimento. De acordo com o diretor do Departamento Municipal de Meio Ambiente, Fernando Auler, diversas localidades do interior de Candelária se encontram em estado crítico em razão da falta de chuvas mais expressivas. Em função disso, o departamento tem realizado inúmeras entregas de água, através de caminhões-pipa, em localidades como Sesmaria do Cerro, Cortadinho, Linha Boa Vista, Rincão dos Porto, Rincão dos Barreiros, Sesmaria do Pinhal, Quilombo, Linha do Rio, Linha Bernardino, Alto da Légua, Rebentona, Picada Roos - ou seja, a estiagem está afetando a maior parte do interior do município e região, ou seja, tanto as localidades do campo como as da serra de Candelária.

Ao solicitar o atendimento, as famílias atingidas fazem o pedido ao Departamento de Meio Ambiente, efetuam na Corsan o pagamento pelo equivalente a 5 mil litros de água e a prefeitura realiza as entregas. De acordo com Auler, o que evidencia a gravidade da situação é o fato de muitas dessas famílias já estarem solicitando esse auxílio através dos caminhões-pipa pela segunda ou terceira vez. Essa água tem sido usada tanto para o consumo humano como para dessedentação animal.

Segundo Auler, a chuva verificada no início da semana, para fins de abastecimento, passou longe de ser suficiente para resolver a situação crítica da maioria das localidades, pois em algumas regiões a precipitação foi mínima. Fernando faz questão de salientar que todas as famílias que necessitarem de água podem agilizar o atendimento dirigindo-se diretamente ao escritório da Corsan de Candelária para realizar o pedido e, no ato, efetuar o pagamento. Em seguida, basta levar uma cópia do comprovante de pagamento ao Departamento de Meio Ambiente, que se encarrega de efetuar a entrega da água. O departamento funciona no horário entre as 7h e as 13h.

 

Adalton Siqueira: "para as lavouras de soja, precipitação representou um alívio"

 

Se para o abastecimento dos recursos hídricos a precipitação do início da semana não teve maior significado, para outro setor ela representou muito - como, por exemplo, a agricultura. Nas palavras do engenheiro agrônomo Adalton Siqueira, da Agrican, para as lavouras de soja a última chuva trouxe um verdadeiro alívio. Siqueira enfatizou que no setor, nos 10 dias que antecederam a precipitação, a situação era muito ruim, porque, além da baixa umidade do solo e do ar, as temperaturas eram muito elevadas, associadas aos ventos quentes, que queimavam as folhas das plantas. Em solos mais arenosos, com menor retenção da umidade, como o existente, por exemplo, na localidade de Bom Retiro, em algumas lavouras já havia plantas começando a morrer pela falta de chuva.

De acordo com Siqueira, mesmo assim, existe já uma perda consolidada pela baixa umidade do período, cuja dimensão é difícil de calcular. Embora a chuva tenha alcançado praticamente todo o interior, essa perda só poderá ser medida a partir das próximas semanas, dependendo do volume de chuvas de agora em diante.

O secretário municipal de Agricultura, Dionatan Tavares, questionado sobre a estiagem, destaca a situação delicada em que se encontram principalmente os agricultores. Nesse sentido, informa que já foi organizada uma equipe pela secretaria para fins de distribuição de água potável, que vem sendo distribuída desde a semana passada em parceria com a Defesa Civil e Corpo de Bombeiros Voluntários de Candelária, que, segundo informa, já vinham realizando esse trabalho. Além desse serviço, o secretário salienta o trabalho que vem sendo feito com o maquinário da prefeitura, como abertura de poços, mini-açudes e bebedouros para os animais. Um trabalho mais complexo que vem sendo realizado, de acordo com Tavares, é a abertura de novas redes de água. Acerca da quantidade de água distribuída, o secretário exemplifica com o volume da última semana, quando foram distribuídos 70 mil litros de água em diferentes pontos do município.

BARRAMENTO - Como solução emergencial, Dionatan Tavares informa que a prefeitura obteve autorização, por parte da Corsan e da secretaria estadual do Meio Ambiente, para fazer um barramento para aumentar o nível de captação de água pela Corsan, com o objetivo de garantir o abastecimento de água para a população da cidade. A obra será feita no mesmo local onde já havia sido realizado no ano passado, nas proximidades do antigo pontilhão. A autorização para a construção do barramento veio através de decreto emitido na tarde de quarta, 13, e deverá sanar provisoriamente o problema.