Em tempos de pandemia, uma atitude que ensina e traz esperança

São incontáveis os maus exemplos que depõem contra o ser humano. Muitas vezes as pessoas não se reconhecem entre seus semelhantes em meio a tantas atitudes carregadas de egoísmo, individualismo e desonestidade. As redes sociais tornaram ainda mais evidentes a total falta de aptidão de muitos com regras básicas de convivência, como o respeito, a gentileza e a educação. Mas algumas vezes nos deparamos com atitudes que trazem esperança: sim, a humanidade ainda tem jeito. Neste sentido, como não se emocionar e exaltar o gesto do menino Leonardo Cambruzzi, de 11 anos, morador de Antônio Prado, na serra gaúcha, que vendeu latinhas por uma semana, não para adquirir algo em benefício próprio, mas para entregar o dinheiro ao único hospital da cidade. Com seu esforço arrecadou a singela importância de R$ 21,45. Em uma rede social, o menino compartilhou a alegria em ajudar, mas confessou seu constrangimento em contribuir com valor tão pequeno. “Eu queria ter doado mil vezes mais que isso”, desabafou.

Para contextualizar melhor a história, é importante registrar que o Hospital de Antônio Prado conta com quatro respiradores e está com uma campanha para arrecadar dinheiro para a compra de mais equipamentos, como estratégia para se preparar melhor para enfrentar o novo coronavírus. O diretor administrativo do hospital, Diógenes Weber, declarou que a doação de Leonardo deu uma motivação para a instituição. "Esse gesto não tem preço. Não é pela doação material e sim pelo que ele trouxe de exemplo pra cada um de nós nesse momento, que devemos refletir sobre toda essa situação que ocorre no mundo. Leonardo, você trouxe uma motivação a mais pra toda equipe do hospital que vai se empenhar e vai dar o seu melhor pra ajudar a todos no enfrentamento do coronavírus."

Família do menino ganhou moradia mais digna

É de se destacar, ainda, que a atitude do menino rendeu para sua família uma moradia mais digna. Na verdade, a iniciativa de Leonardo causou ainda mais surpresa por sua condição humilde, com uma casa precária, que apresentava goteiras e era cheia de frestas. Segundo a defensora pública Danusa Antonia Ceccato, a família recebe o acompanhamento da assistência social desde fevereiro, bem antes de o menino praticar o gesto solidário. Conforme acrescentou, a família ficará na nova moradia por um ano com o auxílio do aluguel social, arcado pela prefeitura. Após, a expectativa é que Léo, os pais e os dois irmãos devam entrar em algum programa habitacional do município para garantir uma residência fixa.

Um tapa de luva para quem só enxerga o próprio umbigo

O gesto de Leonardo virou notícia, numa prova de que ainda existe uma consciência de que os exemplos positivos merecem ser valorizados. Mas a atitude do menino vai além e traz outras reflexões. Se traz esperança à humanidade, representa um tapa de luva aos que só enxergam para o próprio umbigo e não sabem se colocar no lugar do outro. Nestes tempos de pandemia do coronavírus, que tal mirarmos no exemplo do menino de Antônio Prado para reaprender a viver? De forma a que gestos como o dele não sejam tão raros e surpreendentes. Você não acredita? Que tal cada um de nós fazer a sua parte? É simples assim.