Lasio Adriano Heinze: fé que vence qualquer adversidade

Seria coerente esperar que as pessoas que, entre outras virtudes, são reconhecidamente dotadas de imensa bondade e um grande caráter estariam certamente entre as mais merecedoras de uma vida plena de saúde e de felicidades. Ao que tudo indica, porém, não se pode esperar muita coerência ou lógica quando o assunto é uma vida humana. Os exemplos poderiam ser inúmeros, mas, em vez de enumerá-los, talvez seja mais sensato interrogar por que determinadas situações adversas ocorrem justamente com quem menos as merece. Entre as respostas possíveis, pode-se arriscar a seguinte: existem cargas de sofrimento que nem todos seriam capazes de suportar, sendo tais dores reservadas apenas aos que, como se disse de início, possuem a felicidade em si de trazer um coração puro e grandes virtudes na alma. O assunto é digno de discussões. Porém, quando se faz alusão à história do candelariense Lásio Adriano Heinze, é possível que se chegue a um consenso.

Nascido em 27 de julho de 1969, no interior de Candelária, Lásio, desde pequeno, manifestou um desejo intenso e bastante específico: ser pastor da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB). Por diferentes razões, este sonho não se concretizou. Ainda adolescente, o candelariense se mudou para a cidade, trabalhando como garçom e também como primeiro entregador da Folha de Candelária, além de ser operador numa rádio local. Mudou-se em 1993 para Caxias do Sul, a fim de trabalhar como representante comercial. Casou-se em outubro de 2002 com Andréa Beatriz Radtke Heinze. O casamento de Lásio e Andréa foi imensamente abençoado em 2008 com o nascimento do filho Lucas.

Durante todo esse tempo, Lásio, como bom cristão, foi se nutrindo da palavra de Deus, através de leituras e das fitas cassete que adquiria, com mensagens cristãs, que ouvia especialmente em suas viagens a trabalho. Dos tempos do menino que sonhava em ser pastor restou o gosto pelo evangelismo, que o candelariense teve oportunidade de exercer de várias maneiras, notabilizando-se como divulgador e parceiro da Hora Luterana. Consta que, na Congregação Cristo, Lásio foi figura fundamental para a reativação do grupo de leigos, em 2014. Mais recentemente, em 2018, Lásio começou a perceber alterações em sua saúde. A partir de suas dificuldades de locomoção, veio o diagnóstico, no ano seguinte, da doença que mudaria o curso de sua vida: Esclerose Lateral Amiotrófica.

UTI domiciliar e vida espiritual ativa

Com os movimentos limitados, a vida de Lásio começou a mudar. Mesmo se mantendo em torno do trabalho, da família e de sua congregação, tudo era muito difícil. Em maio de 2019, em função de uma grave insuficiência respiratória, deu entrada na UTI do Hospital Santa Cruz, onde permaneceu 10 dias internado, sob os cuidados de uma boa equipe médica, seus familiares, pastores e amigos. Desde o seu retorno ao lar, Lásio continua vivendo sob cuidados médicos, respirando com o auxílio de um respirador mecânico. Atualmente, Lásio possui apenas o movimento da cabeça. Já a fala foi restaurada através de uma traqueostomia.

Diante dessa nova realidade, a vida espiritual de Lásio apenas se intensificou. Como escrevem os pastores de sua congregação mesmo em meio à enfermidade, Lásio sempre sentiu forte necessidade de alimentar-se da palavra de Deus. Mesmo no período passado na UTI do hospital, obteve dos médicos permissão para acompanhar a transmissão do culto através de um celular.

Conforme salientam os pastores Bruno Serves e Marcos Fester, muitas mãos têm sido responsáveis por cuidar de Lásio Heinze nos dias de hoje, em especial a esposa Andréa e o filho Lucas. Durante 24 horas por dia uma equipe de enfermagem se responsabiliza por manter uma UTI domiciliar. Conforme texto veiculado pela revista da IELB, escrito pelos pastores Bruno Serves e Marcos Fester, “o que enche nossos corações de louvor a Deus é que Lásio, mesmo limitado pela ELA, continua divulgando o nome de Jesus para diversas pessoas. Faz questão, ainda hoje, de compartilhar as Mensagens de Esperança da Hora Luterana a todos os seus contatos e grupos. Se aquele sonho de ser pastor não foi possível, Deus Espírito Santo deu dons para que este homem levasse sua Palavra a muitas pessoas, às quais, quem sabe, os próprios pastores não teriam acesso. E mesmo com dificuldade na fala, ele sempre testemunha sua fé aos que o visitam”.(Com informações de Bruno Serves e Marcos Fester)