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Geral 18/03/2022 10:33
Por: Odete Jochims

Os novos caminhos da Folha de Candelária

Jornal terá continuidade nas mãos de Rui Flores e Silva e Odete Jochims

  • Odete e Rui: sentimento de responsabilidade na nova etapa

Em 1986, dois jovens de fora da cidade estavam passando nos estabelecimentos de Candelária para divulgar, através de um folheto, que um novo jornal estava abrindo na cidade. Quando chegaram num depósito de bebidas, encontraram uma outra jovem que, curiosa, perguntou se eles estariam interessados em uma colunista social. Um deles, que tinha óculos de fundo de garrafa, respondeu: “não, a nossa linha jornalística vai ser outra; não teremos sociais”. A moça, ao ouvir a resposta, retrucou: “olha, eu acho que você ainda vai voltar aqui, hein?”.

O rapaz de óculos era Marco Mallmann e a jovem era Odete Jochims. Três meses, depois, ela estrearia como colunista social no jornal. “Mais tarde ele me explicou que os leitores pediam muito para que jornal tivesse uma seção de sociais”, lembra Odete. Ela não poderia imaginar o tamanho da repercussão que essa breve conversa teria na sua vida. Depois de 36 anos de casa, ela assumirá a Folha juntamente com o seu companheiro, Rui Flores.

 

A trajetória no jornal

Por estar há mais de três décadas no ramo, Odete viveu de perto as transformações tecnológicas pelas quais a mídia impressa passou. Além de fazer a coluna social, ela foi aprendendo a fazer anúncios ao observar uma profissional de Santa Maria que vinha semanalmente – algo bem distante da forma com que eles são feitos hoje. Um dia, esta arte-finalista não pôde mais contribuir e Odete se ofereceu para o cargo. “Nós usávamos Letraset, umas letras físicas que serviam como molde, e fazíamos uma ao lado da outra. Assim eram feitos os anúncios”, conta. Esta função foi se digitalizando e, com o tempo, deixou de existir.

Na era pré-digital, não apenas os anúncios eram diferentes, mas a rotina de fechamento de edição também. “Eu trabalhava à noite, nas quintas-feiras. Nós passávamos a madrugada toda trabalhando. Às 7 da manhã, o jornal ia de ônibus numa caixinha para a editora Treze de Maio, de Venâncio Aires. Quando amanhecia, eu ia trabalhar no meu outro emprego, no depósito de bebidas do meu tio”, lembra.

Odete recordou do dia em que surgiu a ideia do concurso da Musa do Sol. “O Marco falava de como seria importante conceber um evento para valorizar a Prainha”, contextualiza. Assim, num domingo de sol em meados de 1987, foram ela, Marco e alguns amigos subir o Botucaraí, portando sanduíches e ovos cozidos de lanche. No topo do cerro, surgiu a ideia de promover um concurso no balneário. “Eu sugeri o nome ‘Rainha da Prainha’ e o Marco fez uma cara feia”, lembrou, enquanto dava uma boa risada. “Foi então que ele veio com o nome ‘Musa do Sol’”.

A vendedora e responsável por assinaturas nesse período era Rosane Haubert. “A Rosane era uma grande vendedora. Ela se formou em direito trabalhando no setor de vendas e assinaturas”, explica Odete. Quando terminou o curso, Rosane deixou a Folha para abrir seu escritório de advocacia. Odete conta que, mais uma vez, se ofereceu para ocupar a nova vaga. “Aprendi a vender e me apaixonei pelas vendas. E é o que eu fiz e continuo a fazer até hoje. Eu gosto de ver que uma coisa que eu ofereci, que sei que vai ficar bonita, deu certo”, explica.

 

A chegada de Rui e o futuro da Folha

“Eu estou aqui hoje porque eu conheci a Odete”. Assim, Rui começa a explicar como o destino o trouxe até a Folha. Aposentado após uma carreira no Banrisul, Rui passou a prestar serviços para a Folha há cerca de oito anos atrás. Ele conta que criou com dona Nilse, a diretora da Folha, uma relação de confiança mútua que nunca foi abalada. Com seu conhecimento na área de finanças, passou a assumir responsabilidades e contribuir para o trabalho de gestão da empresa, que estava se tornando excessivamente pesado para dona Nilse.

Com a chegada da pandemia, em 2020, a situação de saúde de dona Nilse já era delicada o suficiente para despertar toda a cautela de familiares e amigos. “Foi então que ela me disse: ‘eu vou ficar em casa, me resguardar; agora é tudo contigo’. E fomos tocando”, recorda. “Com o tempo, eu fui percebendo que o interesse dos sócios pelo negócio foi diminuindo. Eu me afeiçoei ao trabalho aqui e a Odete é apaixonada pelo jornal, então pensamos em fazer a proposta”.

Assim, a Folha de Candelária passa o bastão para Rui e Odete. “Dar continuidade à Folha é um sentimento de muita responsabilidade. O amor que temos por esse jornal é o que nos deixa com sangue nos olhos para que tenhamos sucesso no empreendimento. Eu não me veria em outro lugar, fazendo outra coisa”, afirma Odete. “Eu e o Rui já somos aposentados. Vamos ficar em casa sem fazer nada? Nós precisamos estar envolvidos com algo. Então que seja algo que nós já tenhamos uma história por trás”. E, tudo indica, terão um futuro pela frente. Vida longa à Folha de Candelária.   Por : Arthur Lersch Mallmann