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Rural 03/12/2021 09:07
Por: Odete Jochims

Fumo: família do Travessão Schoenfeldt faz da inovação uma rotina no plantio

Agricultores são reconhecidos como “produtores modelo” por especialistas da Afubra e já foram objeto de pesquisa da UFSM

  • : Joselaine e Fabius Jung  mostram o forno alimentado por serragem

É inegável que a cultura do tabaco é uma das mais tradicionais na nossa região. Tradicionais, muitas vezes, também são os métodos utilizados no trabalho da lavoura. Tal fato, no entanto, não impede que este mesmo ambiente também seja espaço para a inovação. O casal, Fabius Marcos Jung, 46, e Joselaine Priebe Jung, 40, do Travessão Schoenfeldt, mostram há décadas que a incorporação de ideias novas pode dar trabalho, mas compensam muito no médio e longo prazo.

A principal inovação na propriedade de Fabius e Joselaine foi iniciada no ano de 2000, quando eles se tornaram os primeiros agricultores do Rio Grande do Sul a utilizarem serragem na secagem do fumo. Essa técnica já estava sendo empregada em olarias da região quando foi apresentada a Fabius, mas precisou ser adaptada ao contexto do tabaco. Hoje, os agricultores não necessitam de lenha para a secagem das folhas e um maquinário é responsável por abastecer automaticamente o forno.

Além da imensa economia proveniente da substituição de lenha por serragem, e da praticidade do autoabastecimento, pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) concluíram que a queima da serragem também emite menos CO2 (gás carbônico) na atmosfera. Fabius colaborou com a UFSM ao longo de cinco anos. Segundo o agricultor, os pesquisadores chegaram até ele através da fumageira japonesa Japan Tobacco International (JTI), que tem muito interesse nas implicações destas técnicas, uma vez que o Japão é um país no qual a lenha é relativamente escassa.

A implementação destas inovações não foi livre de dificuldades. “Eu sofri muito no início. As primeiras máquinas não vinham com estas modernidades”, conta Fabius. O agricultor complementa que já houve episódios de fogo no maquinário, de peças quebradas, entre outros imprevistos. “Foi um processo longo de adaptação”, conclui.

 

A experimentação com sementes e a viabilização do plantio antecipado

Outra frente em que o casal busca inovar envolve o ciclo do plantio e a experimentação com novas sementes de tabaco. Fabius tratou de explicar a respeito de uma nova semente que está testando em parceria com a British American Tobacco (BAT) Brasil. De acordo com o agricultor, a semente do tipo 4707, como é conhecida, gera uma folha que aceita melhor o inverno e tem um ciclo mais curto, possibilitando o plantio adiantado. Ano passado, o agricultor fez um teste e gostou do que viu. Esta temporada, Fabius já plantou 100 mil pés deste tipo de fumo.

Graças ao gosto pela inovação, Joselaine e Fabius já foram considerados “produtores modelo” por especialistas da Afubra. Hoje, plantando cerca de 195 mil pés de fumo, Fabius afirma que quem o colocou no caminho da inovação foram as amizades que nutriu ao longo dos anos. Ele explica que foram os compartilhamentos de informações e incentivos desta natureza que contribuíram para chegar aonde chegou. Nada mais justo, então, que ele possa retribuir compartilhando as suas próprias boas práticas.

Por. Arthur Lersch Mallmann