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Polícia 16/04/2021 15:56
Por: Diego Foppa

No primeiro trimestre de 2021, registro de estelionatos mais que dobrou

Apesar da abordagem variar, o objetivo dos golpistas é sempre o de extorquir dinheiro da vítima

Dos golpes mais antigos, como o conto do bilhete premiado, até os mais atualizados, como a clonagem de WhatsApp, os casos de estelionato aumentaram neste início de ano em Candelária. Apesar da abordagem variar, o objetivo dos golpistas é sempre o mesmo: extorquir dinheiro da vítima. Somente nos primeiros três meses de 2021, foram 30 casos registrados, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP/RS). O número representa um aumento de 130% se comparado com o primeiro trimestre de 2020, quando haviam sido contabilizados 13 casos. Em 2019, entre janeiro e março, foram sete registros de estelionato. 

Segundo a delegada titular da Delegacia de Polícia Civil de Candelária, Alessandra Xavier, existem vários tipos de golpes. “O modus operandi dos estelionatários varia conforme o golpe que pretendem aplicar”, ressalta. De acordo com a delegada, em alguns casos os golpistas chegam a utilizar informações obtidas através de alguma rede social da própria vítima para agir. “É o caso do golpe do falso parente”, afirma. Ainda segundo a Alessandra, a pandemia também é utilizada como pano de fundo para a alta dessa prática criminosa. “A criminalidade se adapta ao momento. Por isso, a orientação é para que as pessoas tenham um cuidado a mais. É preciso verificar a procedências antes de adquirir produtos ou aceitar serviços, e afastar possibilidades de ter um prejuízo”, destaca.

Por trás dos estelionatos, estão diferentes tipos de perfis de criminosos, desde pessoas que estão dentro de prisões, e utilizam contatos do lado de fora para recolher os valores, até hackers, especializados em obter dados pela internet. Algumas características comuns daqueles que fazem o contato com as vítimas (por ligação ou pessoalmente) é o alto poder de persuasão e capacidade de criar enredos. “Mas também existem a chamada torpeza bilateral, que é quando a vítima acha que vai levar vantagem em determinado negócio, mas acaba caindo em um golpe”, comenta.

Confira os golpes mais comuns

Auxílio emergencial

Desde que a medida foi anunciada pelo governo federal, passaram a circular pela internet mensagens falsas que buscavam captar dados das vítimas. Com a liberação dos recursos do benefício, o golpe evoluiu para outra modalidade. Beneficiários tiveram as contas invadidas e o dinheiro desviado. Com isso, ao ir a uma agência na data agendada para o saque, as pessoas cadastradas legalmente acabam percebendo que não têm mais o valor depositado porque o dinheiro já foi retirado.

 

WhatsApp

É o mais comum e existem duas modalidades possíveis: a clonagem e a cópia com um novo número. Na clonagem, o golpista telefona para a vítima com alguma desculpa para saber o número de um código que será enviado para o celular dela por SMS. Para isso, usa diferentes enredos. Ao mesmo tempo, o criminoso tenta logar o WhatsApp da vítima, o que faz com que o aplicativo envie mensagem com código de verificação. Quando ela passa o número para o golpista, ele obtém acesso. Outro golpe, semelhante, envolve a criação de um perfil falso, onde o estelionatário afirma que mudou de número e passa a pedir dinheiro para contatos da vítima ou negocia compras com outras pessoas.

 

Nudes

Com perfis falsos criados em sites de relacionamentos, como o Facebook, o criminoso se passa por mulheres jovens e bonitas, mirando, principalmente, homens de meia idade, cujas redes sociais sejam abertas. A jovem troca fotos íntimas com o alvo. Na sequência, outra pessoa entra em cena, afirmando que o homem estava conversando com uma menor de 18 anos e exigindo dinheiro para não comunicar o caso à polícia ou não divulgar as fotos da vítima. Esse golpista pode se identificar como pai, policial ou mesmo advogado.

 

Falso depósito

Quem vende objetos pela internet pode acabar sendo alvo dos golpistas. A principal estratégia é forjar a transferência de valor e tentar convencer a vítima a entregar a mercadoria antes que perceba a falcatrua. Tanto pode ser usado o envelope vazio — onde o estelionatário faz o depósito, mas sem dinheiro dentro — quanto pode ser enviado um falso comprovante de transferência. A pessoa acredita que o dinheiro vai entrar depois. Nem confere porque recebeu o comprovante. Quando se dá conta, já perdeu mercadoria, sem ter recebido valor. Da mesma forma, quem compra pela internet precisa verificar o histórico do vendedor e se certificar de que está adquirindo o produtor de alguém confiável.

 

Previna-se

- Não forneça seus dados pessoais (como nome completo, CPF, RG, endereço, número da conta bancária e senha) para estranhos, em ligações telefônicas, mensagens SMS ou WhatsApp;

- Desconfie sempre de ofertas de produtos com preços abaixo dos praticados em mercado;

- Não converse com estranhos na rua, tão pouco aceite propostas que pareçam ser muito boas e que lhe trariam alguma espécie de “vantagem”;

- Não troque fotos nem vídeos íntimos pela internet/rede social. Lembre-se: pedofilia é crime;

- Em caso de dúvida, procure sempre alguém de sua confiança e peça ajuda;

- Se você sabe de alguém que pode estar praticando algum destes golpes, denuncie na Delegacia de Polícia mais próxima.