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25/08/2009 16:56
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Candel?ria, a capital do cascudo

Ainda não é época de falar em cascudos, mas antes que o calor chegue e minha memória me traia vou falar um pouquinho sobre eles e seus principais predadores, os sapos. Candelária ficou reconhecida internacionalmente nos anos 60 e 70 por causa do grande número de batráquios, que hoje misteriosamente desapareceram sabe-se lá por qual motivo. Seu principal alimento, os insetos – e aí incluem-se os cascudos – cresceram em proporções avassaladoras, mostrando as nuances urbanas do desequilíbrio ambiental. Com isso, os coleópteros tornaram-se uma verdadeira praga em vários municípios gaúchos, e a população desses bichinhos só não é maior porque muitos caem dentro de panelas de feijões, confundindo-se com os grãos e assumindo o mesmo sabor na hora da ingestão, ou seja: todo mundo come cascudo achando que é feijão, só que até hoje poucos sabiam.
O mundo da moda deve muito a Candelária, pois foi exatamente na época em que era a capital do sapo que uma peça do vestuário feminino ganhou nome. Um desses designers estava por aqui quando viu um monte de sapos embaixo de um poste gritando para os insetos que voavam ao redor das lâmpadas: “tomara que caia, tomara que caia”. Assim nasceu a “tomara que caia”, aquela blusinha que, ao contrário dos insetos, só cai se a gente der uma forcinha. Bem, antes que o assunto se torne proibido para menores de 18 anos, vamos aos fatos exclusivos e que só se encontram em meus apontamentos históricos e antes que caiam no meu total esquecimento, repasso a vocês para difundirem.
Diz a lenda que em meados dos anos 60, já era noite quando dois caminhoneiros oriundos de uma cidadezinha do interior de Santa Catarina teriam estacionado seus veículos embaixo de um poste de luz para dormirem. Um deles conseguiu descarregar o caminhão no mesmo dia, enquanto que o outro teria que esperar para o dia seguinte. Ao arrumarem seus confortáveis ninhos nas cabines, o do caminhão descarregado um notou um barulho estranho, parecido com chuvisco, mas não deu bola e dormiu assim mesmo, sem ver do que se tratava. O outro, o do caminhão carregado, logo ao deitar-se, notou que o veículo levantava e abaixava, levantava e abaixava, levantava e abaixava. Pensando que tratava-se de arte de alguém, levantou-se e foi ver o que estava acontecendo. Como não enxergou ninguém, voltou a deitar, e logo voltou o levanta, abaixa, levanta, abaixa. Saiu da cabine de novo e, não acreditando no que via, chamou seu colega. Pois não é que o cara estacionou o caminhão carregado em cima de dois sapos que, ao respirarem, levantavam e abaixavam o veículo? Nisso o outro caminhoneiro viu que não estava chovendo coisa nenhuma e foi ver do que se tratava aquele barulhinho parecido com pingos de chuva. Ao olhar para dentro da carroceria do caminhão ele ficou surpreso com a cena, já que tinha mais ou menos meia caixa de cascudos. E antes que alguém me dê algum cascudo por causa disso, vou me despedindo por aqui mesmo.