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25/08/2009 16:56
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Militares candelarienses relatam experi?ncia em miss?o no Haiti

Se os fins justificam os meios, o recado é o seguinte: “Alô, seu Adão Adair e dona Madalena Conceição Linhar e seu Adão e dona Leci Kolbe: o Ezequiel e o Rodrigo estão muito bem no Haiti; com muita saudade, mandam lembranças e avisam que no dia 20 de novembro embarcam de volta para casa”. O chavão é muito utilizado em programas de rádio, mas coube como uma luva para mandar o recado aos pais de dois militares que integram a missão de paz do Exército Brasileiro no Haiti.
Tudo começou no dia 1º de agosto, quando um e-mail nos seguintes termos chegou à redação da Folha: “E aí! Tudo bem, candelarienses. Somos o Ezequiel Linhar e o Rodrigo Kolbe. Embarcamos dia 31 de maio para o Haiti, em missão de paz. Estamos representando nossa cidade aqui. Mandem respostas para podermos conversar mais”. Ao responder o e-mail, feitas as apresentações e, depois, com o auxílio de um programa de conversação instantâneo, surgiu também a da entrevista, em que os dois soldados do 7º Batalhão de Infantaria Blindado, de Santa Cruz do Sul, relatam um pouco de sua experiência.
Há dois meses, eles deixaram a Terra Brasilis para se juntar a outros 1200 brasileiros que fazem parte da Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti, o que lá chamam de Minustah. Os brasileiros são maioria no contingente de militares de 40 países que empreendem operações que visam coibir o crime organizado naquele país, pacificando os bairros mais violentos da capital, como Bel Air, Cité Militaire e Cité Soleil. Criada pela ONU em fevereiro de 2004, após uma onda de protestos e violência em todo o país provocar a queda do presidente Jean-Bertrand Aristide, a força-tarefa realiza atividades tanto na área de engenharia para reconstrução da infra-estrutura do país, quanto as relacionadas à manutenção da paz, ou seja escolta de autoridades, suprimentos, guarnições, controle de estradas, além de proteção de prédios e instalações foram importantes para pacificar o país que vivia em um ambiente conturbado por conflitos de gangues urbanas armadas.
Rodrigo e Ezequiel compõem a patrulha “Manda Brasa”, de que fazem parte também o corpo de fuzileiros navais do Rio de Janeiro e militares do Paquistão, Paraguai, Argentina, entre outros. Segundo eles, a situação de miséria por que passam os haitianos é algo desolador e está estampada no rosto da maioria de seus habitantes; um retrato da fome amainada vez por outra graças às doações de países integrantes da ONU. Mais de 60% dos haitianos são miseráveis e vivem sem emprego, a maioria do comércio de rua. Uma minoria de 5% domina 50% da riqueza do país. Mesmo ante as dificuldades por que passam os haitianos, os jovens relatam que o povo é um exemplo de perseverança e em muito se parece com os brasileiros.
Os sete meses em que os candelarienses viverão por lá, certamente lhes renderão boas histórias para repartir com os filhos e netos. E como amanhã é o Dia do Soldado, nada melhor do que, na pessoa destes dois jovens, prestar uma homenagem a esta valorosa classe, desejando que as próximas gerações se espelhem nestes exemplos de humanidade e grandeza, sobretudo na importância de seu trabalho.