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25/08/2009 16:56
Por:

Radar

Derrota da ética
E o Renan? Mesmo acossado por inúmeras denúncias de ações contrárias ao decoro parlamentar, o presidente do Senado da República sobreviveu ao primeiro processo instaurado para cassar seu mandato. Os efeitos e conseqüências dessa absolvição política ainda são difíceis de dimensionar. Mas, não há como negar o sentimento de indignação e de frustração causados por esta decisão.
Este é o país que ainda nos envergonha. O país que permite que um combativo integrante da tropa de choque que defendia o presidente Collor do impeachment acabe na presidência do Congresso Nacional; o mesmo personagem que, flagrado em inúmeras situações embaraçosas, com evidências claras de favorecimento ilícito, se agarra como pode no cargo, mandando às favas os interesses da nação e a imagem da instituição que representa; e que, após tentar por todos os meios barrar o próprio julgamento, acaba absolvido pela maioria de seus pares.
A vitória de Renan representa a derrota da vergonha na cara. É certo que ela se deu dentro dos princípios democráticos estabelecidos. Mas o que se dizer de uma regra que permite os senadores esconder do povo que os elegeu a sua posição sobre o destino de Renan Calheiros? O voto secreto, neste caso, abriu caminho para o triunfo da política dos interesses individuais e corporativos e o total desprezo à coletividade e aos princípios éticos. Enquanto Renan continuar presidindo o Congresso, será difícil defender a ética e a dignidade neste país.