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IPM foi favorecida, diz relat?rio da CPI
Após seis meses de trabalho e que resultou em um calhamaço de mais de 1.500 páginas, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada na Câmara de Vereadores para apurar supostas irregularidades na contratação da IPM Automação e Consultoria pela prefeitura municipal tornou público ontem o relatório final das investigações. O presidente da Casa, vereador Anselmo Vanderli da Silveira, o Vandi, recebeu por volta das 17h a presidente da CPI, vereadora Rosani Moura, o relator, vereador Cláudio Gehres, e o secretário dos trabalhos, vereador José Luiz Gomes, que lhe entregaram o resumo da papelada, um documento com 29 páginas e que aponta o secretário do Planejamento de Candelária, Bernardo Rizzi, como suposto mentor do favorecimento à IPM. O ato foi presenciado também pelo assessor Jurídico da CPI, o advogado Márcio Gomes, e pelo vereador André Rohde. O vereador Leonir Menezes, que atuou como suplente, não compareceu.
BENEFICIAMENTO – Ao se pronunciar, Gehres salientou que infelizmente a CPI constatou o que não queria e que quem perdeu com a contratação da IPM foi o município de Candelária. Ele comparou o trabalho da IPM com o realizado pela Unisc no município de Venâncio Aires, em que foi feito um levantamento de 21 mil imóveis contra os nove mil de Candelária a um preço menor praticado pela Universidade. “O serviço foi fracionado exatamente para excluir empresas como a Unisc do certame”, disse Gehres, salientando que a outras foram enviados convites fora de prazo para que não tivessem tempo de se habilitarem. Ele também citou o episódio do envelope que apareceu sob a porta do Legislativo durante as investigações e que, após, teria sido descoberto que tratava-se de um fax de empresa concorrente passada por um fax da própria IPM à prefeitura. Convicto, ele disparou: “O secretário Bernardo Rizzi foi o mentor do favorecimento, mas não conseguimos apurar quem foram os demais beneficiados”, acusou. “Não soubemos quem foram os demais que botaram a mão, mas sabemos quem perdeu”, referindo-se novamente aos cofres públicos.
Gehres destacou ainda que o trabalho da IPM esteve incompleto até a instauração da CPI, salientando que depois que as investigações iniciaram foi apresentada a imagem de satélite que até então não havia sido fornecida e também foram ressarcidos os valores gastos com telefones da prefeitura por agentes da empresa contratada.
MINISTÉRIO PÚBLICO – O presidente do Legislativo garantiu ontem que irá tornar público na íntegra na sessão da próxima segunda-feira o conteúdo do relatório que, no parecer final, sugere o encaminhamento de denúncia ao Ministério Público, com cópia para a Corregedoria do Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado para que dêem prosseguimento nas investigações. Os documentos e gravações ficarão à disposição da justiça no cofre da Câmara. “A irregularidade existiu, foi comprovada testemunhal e documentalmente, e nosso trabalho confirmou o mau uso do dinheiro público; então agora que o Ministério Público proceda suas averiguações e responsabilize os culpados. Fizemos nossa parte”, disse Gehres à reportagem da Folha.