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25/08/2009 16:56
Por:

Centelha de Justi

Reflexões sobre o Senado Federal
Estava lendo, indignado, notícias da absolvição do Senador Renan Calheiros. A maior indignação foi ter ouvido muitos senadores falarem de uma decisão democrática. Que democracia é esta, onde o "povo" nem pode saber em quem seus senadores votaram? Sim, pois o voto foi secreto.
Estava indignado e desestimulado. Não tinha nem vontade de escrever sobre este assunto. Eram mais ou menos 9h da manhã de quinta-feira (13/09) quando as coisas começaram a mudar, pois foi nesse instante que vi passar a chama crioula que chegara à nossa cidade e está brilhando no CTG Sentinela dos Pampas. O primeiro cavaleiro a levava, com imponência e orgulho, e era seguido por muitos outros gaúchos de diferentes idades. Lembrei-me então de que há poucos dias a chama da pátria brilhava em nossa praça, protegida em vários momentos, por alunos de diferentes escolas de nossa cidade. Fiquei a pensar no significado dessa chama, no significado de "guardar" a chama que simboliza um amor que não poderia se apagar, que significa a centelha dos bons valores, a centelha da justiça, da honra!
Tudo muito bonito! O problema é manter esta chama acesa com os baldes de água jogados sobre nós com os insistentes maus exemplos vindos dos nossos governantes, baldes enormes como esse, lançado do Senado Federal! O pior é que, além destes "baldes", enxergamos e sentimos, no dia-a-dia, pequenos copos de mentiras e fofocas, mesmo em meio aos gaúchos e gaúchas que se orgulham de falarem frente a frente, não sendo traíras, de não terem vergonha de se olhar no olho e de tomar do mesmo mate. Tudo isso vai nos consumindo, vai apagando nossa chama.
Tenho certeza de que cada leitor já sofreu alguma injustiça, já se sentiu pequeno e frágil diante da maldade existente no mundo! Pois eu, como ia dizendo, estava me sentindo assim, mas quando ouvi a sirene do carro da Brigada, dirigi meus olhos para a rua e vi os gaúchos pilchados carregando a chama crioula. Era como uma chama de esperança. Depois, dirigi meus olhos para minha Bíblia, li o clamor do profeta Amós do Antigo Testamento, pedindo justiça, proclamando a necessidade de arrependimento. Li alguns Salmos - em especial o Salmo 37 - que diz assim: "Não te indignes por causa dos malfeitores, nem tenhas inveja dos que praticam a iniqüidade. Pois eles dentro em breve definharão como a relva, e murcharão como a erva verde. Confia no Senhor e faze o bem; habita na terra e alimenta-te da verdade. Agrada-te do Senhor, e ele satisfará aos desejos do teu coração. Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele e o mais ele fará."
Como sempre acontece quando leio a Bíblia, a chama de minha fé foi fortalecida, e com a fé, a esperança, e com a esperança, a vontade de continuar a proclamar justiça e o dom maior - o amor.
Queridos leitores, guardemos a chama da justiça e semeemos a honra, começando pelo jardim do nosso lar. Se nos parece difícil arrancar os vermes e inços de Brasília, cuidemos do jardim de nossa família, da chama de justiça em nosso lar. Admitamos também que igualmente não somos perfeitos, que às vezes não somos tão justos como imaginamos, mas não permitamos que a injustiça tome conta do nosso coração. Sobretudo, jamais, jamais esqueçamos que o Senhor Jesus é o único completamente justo. Ele nos justifica! Para evitar que a chama da justiça fosse apagada, Cristo sofreu a maior das injustiças, uma vez que ele, sendo o único completamente inocente, permitiu-se ser condenado à morte para, ali, na cruz, resgatar e acender a chama da esperança e motivar-nos na luta por justiça. Que o Espírito Santo de Deus, o mesmo que brilhou em forma de chamas sobre a cabeça dos apóstolos (At 2), ilumine e aqueça as nossas almas.
Pastor Ismar Lambrecht Pinz
ismarpinz@yahoo.com.br