Logo Folha de Candelária
25/08/2009 16:56
Por:

Exemplos que v?m, exemplos que v

O pequeno município de Áurea, localizado no noroeste do Rio Grande do Sul, ganhou notoriedade nesta semana após uma reportagem veiculada na Rádio Gaúcha. A notícia foi de que Câmara de Vereadores devolveu à prefeitura R$ 180 mil provenientes de sobras de recursos e que agora serão aplicados na pavimentação das ruas da cidade. A jornalista Ana Amélia Lemos destacou que o exemplo deveria ser seguido pelos demais municípios gaúchos e, segundo ela, a devolução do dinheiro foi possível em razão de um acordo firmado entre todos os vereadores, que se comprometeram a não utilizar verbas para participação de seminários e congressos. Se fosse necessário, cada um iria arcar com as despesas por conta própria.
No sentido oposto ao exemplo de Áurea, Ana Amélia cita a maioria dos deputados estaduais gaúchos, que, mesmo estando em férias, gastaram com seus veículos particulares o limite de 5 mil quilômetros permitidos pela Assembléia Legislativa. (...) Em janeiro, durante o recesso parlamentar, 40 dos 55 deputados estaduais utilizaram a verba máxima indenizatória para carros: R$ 6,1 mil. Outros sete parlamentares consumiram valores próximos ao teto. No total, os cofres do Estado desembolsaram R$ 300,2 mil para cobrir deslocamentos dos deputados gaúchos. Se a média for repetida ao longo do ano, essas verbas chegarão a R$ 3,6 milhões até dezembro. Os dados estão disponíveis no portal Transparência, no site da Assembléia (www.al. rs.gov.br). Juntos, os carros percorreram em janeiro 281.705 quilômetros - cerca de 73 vezes a distância rodoviária entre Porto Alegre e Belém (PA)(...)”, relata reportagem de Daniel Scola no jornal Zero Hora de ontem. Como a Assembléia não fornece carros aos deputados, estes podem registrar até três veículos particulares para ter direito a verbas de indenização. A Assembléia reembolsa R$ 1,22 por quilômetro rodado.
DIFERENÇAS – Enquanto deputados gastam desenfreadamente em viagens e o governo do estado diz estar sem dinheiro para pagar o funcionalismo, Candelária também já figurou em manchetes relacionadas ao mau uso do dinheiro público, como no caso do vereador Rogério Jacobi, em 2006. Neste universo de notícias nada animadoras existe uma parcela de políticos que vêm se destacando pelos exemplos de boa gestão e que também estão merecendo destaque na grande mídia. Embora não se possa falar o mesmo da Câmara de Vereadores, em dois anos e dois meses à frente do executivo candelariense, o prefeito Lauro Mainardi estancou a sangria em que Candelária se encontrava, curou a ferida e a comunidade começa a vislumbrar um outro horizonte através de uma política baseada na seriedade e austeridade.

Obras começam a aparecer

Os resultados empreendidos pela administração de Lauro Mainardi já começam a aparecer com a atração de grandes investimentos. O principal deles é a instalação de uma filial da fábrica de colchões Gazin, empresa reconhecida em nível nacional e que teve nesta semana o marco inicial dos trabalhos de terraplenagem para instalação do complexo, que deverá garantir pelo menos 150 empregos diretos e impulsionar um desenvolvimento integrado com a instalação de empresas fornecedoras.
As obras não realizadas por gestões anteriores e agora concluídas, o enxugamento da máquina pública e os inúmeros projetos e investimentos para os próximos anos levam a crer que o governo de Mainardi vai de vento em popa em mar de calmaria, mas nos bastidores não é bem isso que acontece. Antagonistas do peemedebista e até mesmo vereadores de partidos aliados ao dele acabaram de incluir mais um capítulo na eterna briga entre legislativo e executivo. Desta vez, foi a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito, que apura supostas irregularidades na contratação da IPM Consultoria e Automação, responsável pelo recálculo das unidades habitacionais do município, que passaram de 4.900 até 2004 e que agora somam mais de 9.000. “Entendo que a CPI deverá servir para apurar irregularidades com outras administrações, ao tolerar que mais de 4.000 imóveis não estivessem no cadastro da prefeitura, denotando renúncia de receita, talvez por omissão, conivência ou simplesmente interesses eleitorais”, disparou o chefe do executivo. “O dinheiro gasto com a contratação da IPM já retornou em forma de imposto em razão das novas habitações serem incluídas no sistema de cobrança da prefeitura”, ponderou.
Na manhã de ontem, ao receber a reportagem da Folha, o prefeito Lauro Mainardi e o vice Ênio Hübner apresentaram um antigo mapa da cidade de Candelária, já rasgado e judiado pelo manuseio. “Foi assim que recebemos Candelária, em completa desordem, e que estamos tratando de redesenhar”, reiterou Mainardi. O dinheiro que a prefeitura tem em caixa o executivo não revela de jeito nenhum, mas garante que há o suficiente para honrar os compromissos que irá assumir e que garantiu não serem poucos. “Quem colhe os frutos deste trabalho sério é a sociedade, que tem olhado para o homem público com um tanto de desconfiança gerada por uma gama de maus exemplos”, ressaltou Mainardi. “Tenho certeza de que passa pela seriedade e pela honestidade o resgate desta imagem”, concluiu.