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25/08/2009 16:56
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Acidente mata quatro na serra

Nenhum episódio da história recente de Candelária gerou tanta perplexidade e comoção entre a comunidade do que o acidente que fez quatro vítimas fatais no início da manhã de sexta-feira, 23. O fato ocorreu por volta das 6h da última sexta-feira, na RS 400, na localidade de Picada Karnopp. As vítimas tripulavam um automóvel Vectra, ano 95, placas IEF 8776, de Vera Cruz, que se dirigia no sentido Sobradinho/Candelária. Junto a uma curva existente na altura do km18, próxima às torres de alta tensão que cortam a rodovia, o veículo acabou saindo da pista, caindo em um açude. O veículo era dirigido por Jair Welfle, de 45 anos. Além dele, morreram Mauro Juares Pohlmann, 45, Francisco Florindo da Silva Júnior, 25, conhecido por “Chiquinho”, e Rafael Vieira, de 20. Entre as hipóteses levantadas sobre as causas do acidente se incluem uma possível derrapagem em função de um pneu furado ou da forte chuva registrada na hora. Informações extraoficiais colhidas junto a policiais que realizaram o levantamento, também não afastam a possibilidade do motorista ter dormido no volante.
A moradora do local Iraci Grohe ainda não havia levantado quando escutou o estrondo da batida na taipa de pedras do açude. Ela esperou o dia clarear e foi ao local, avistando o rodado traseiro do carro para fora d’água. Em seguida, acionou a Brigada Militar de Candelária. O cenário no local foi desolador quando um guincho retirou o carro da água. A posição dos quatro corpos sobre o banco traseiro do veículo indica que todos tentavam sair pelo vidro de trás. Como não conseguiram, acabaram morrendo afogados.
LIDERANÇA - A quantidade de sacolas com material importado encontrado no porta-malas evidencia que os tripulantes do Vectra voltavam de uma viagem ao Paraguai, onde efetuaram compras. Os corpos foram encaminhados para necropsia ao posto do Instituto Médico Legal de Santa Cruz do Sul e, após, liberados aos familiares para os sepultamentos. Jair Velfle era autônomo, Mauro atuava como vendedor no centro da cidade, Rafael era industriário e Francisco, funcionário da Escola Lepage. O corpo de Jair Velfle foi velado no salão da comunidade sinodal, congregação da qual o falecido era uma liderança atuante, tendo sido seu presidente mais de uma vez. Jair também era um dos mais dinâmicos membros do Departamento de Veteranos do Olarias, da qual também foi presidente, além de atleta. No sábado, 24, o corpo de Jair foi levado até Lajeado, onde foi sepultado.
COMOÇÃO - Já os corpos das outras três vítimas do acidente foram velados em conjunto no salão paroquial da comunidade católica. A exemplo do que ocorreu com Jair, os atos fúnebres das demais vítimas foram cercados de grande comoção. Para homenagear os jovens Francisco e Rafael, amigos criaram no programa de relacionamentos Orkut as comunidades “Saudades eternas, Xikinho” e “Rafa, tu merece esta comunidade”, cada uma contabilizava até ontem cerca de 100 membros.

 

Curva perigosa
O açude em que morreram os quatro candelarienses é de propriedade de Ivo Grohe. Ao todo, seis acidentes já foram contabilizados no local, alguns sem maiores repercussões. A falta de um muro de proteção aliado ao estado precário do asfalto da RS 400 representam um perigo constante, principalmente em dias de chuva. No dia 5 de abril de 2005, Anael Teixeira, de 59 anos, natural de Cruz Alta, morreu no local após perder o controle da moto que pilotava e cair no açude. O motociclista Ailton Edio Boettcher, residente próximo ao local, há cerca de seis anos também sucumbiu ao perder o controle da moto que dirigia e bater a cabeça na taipa de pedras do açude. Por conseqüência, uma pergunta fica no ar: quantas vítimas ainda serão necessárias para que os responsáveis pela rodovia tomem uma atitude que resolva definitivamente problemas desta ordem, como a simples colocação de um muro de proteção no local?