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25/08/2009 16:56
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Fechamento da Schmidt Irm?os vai deixar 180 sem emprego

A direção da empresa Schmidt Calçados comunicou oficialmente na manhã de sexta-feira, 23, aos seus 180 funcionários, o encerramento das atividades da indústria do ramo calçadista em Candelária. Com isto, um valor aproximado de R$ 100 mil mensais deverá deixar de ser injetado no comércio e prestação de serviços locais.
Funcionando desde 1990, há 17 anos, a empresa apontou a variação da taxa cambial para exportações como principal responsável pela medida. O gerente de área industrial da Schmidt, Leonel Endres, explicou ontem à reportagem da Folha que o fechamento é em caráter irrevogável. No caso de a política econômica apresentar um quadro de estabilidade, a reabertura dos postos de trabalho é tida como certa, garantiu a direção da empresa. Segundo ele, previsões dos especialistas apontam que a moeda americana deverá chegar a R$ 1,60. “Em razão desta desvalorização, a empresa resolveu fechar as portas, a exemplo de um rol de 20 empresas no estado que já estudam a mesma medida”, salientou. “Primamos pela idoneirade e preferimos fechar com saúde do que cometer alguma atrocidade com nosso quadro funcional”, complementou, garantindo que o quadro funcional receberá tanto os salários como os direitos trabalhistas.
CACHOEIRA – A expeculação em torno da transferência para Cachoeira do Sul foi ventilada na semana passada, uma vez que o município vizinho já estaria em adiantadas tratativas com a direção da empresa para instalação de uma filial por lá e, inclusive, teria colocado à diposição um pavilhão com 3.000m². No entanto, Endres salientou que a linha de produção em Cachoeira do Sul está relacionada somente à fabricação de injetados, diferentemente da linha de calçados produzidos em Candelária.
SINTRAVESTUÁRIO – O prefeito Lauro Mainardi e o vice Ênio Hübner alegaram ontem que desde que souberam da notícia têm se empenhado para reverter o quadro. Segundo eles, não foi apenas a variação da taxa cambial que teria influenciado na decisão da empresa em fechar as portas, mas a posição irredutível do Sintravestuário – Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Vestuário – com sede em Santa Cruz do Sul, que quer que os funcionários do ramo calçadista do Vale do Rio Pardo recebam os mesmos padrões salariais oferecidos nas cidades-sede das empresas. Um acordo sobre o dissídio coletivo não foi efetivado mesmo com a mediação do poder público, que organizou duas reuniões neste sentido, uma ao final do ano passado e outra em janeiro deste ano. “Manter o mesmo piso oferecido nas cidades que sediam as matrizes é impraticável, uma vez que são muitos os encargos para instalação de filiais”, explicou Ênio Hübner. “O único sindicato que não quer entender a posição das indústrias é justamente o Sintravestuário”, complementou. O vice-prefeito disse que a prefeitura ainda não jogou a toalha, ressaltando que as tratativas ainda não foram esgotadas e que o executivo irá realizar todos os esforços no sentido de reverter a situação. Mesmo em férias, Lauro Mainardi informou que uma reunião com os diretores da Schmidt deverá ocorrer ainda nesta semana, em Candelária ou em Campo Bom, na sede da matriz da Schmidt.
ALUGUEL – Uma outra notícia relacionada ao fechamento da Schmidt esteve nas rodas de conversa ainda na sexta-feira. A informação foi de que a prefeitura teria sinalizado com a cobrança de aluguel do prédio onde a indústria está instalada. Bastante irritado, Ênio Hübner disse que isto não passa de um boato plantado por pessoas que tem e sempre tiveram interesses escusos e que não gostam de Candelária. “Estas pessoas deveriam buscar informações junto à empresa para atestar a veracidade”, disse. “Nunca passou por nossa cabeça a cobrança de aluguel”, atestou, dizendo que o interesse da municipalidade é criar empregos e não mandar indústrias embora. Leonel Endres endossou as palavras do vice dizendo que até agora todas as administrações municipais sempre dispenderam o máximo de cordialidade e consideração e fizeram tudo o que esteve ao seu alcance para garantir os empregos para o município.
O último dia de funcionamento da filial da Schmidt Irmãos em Candelária será no dia 16 de março, prazo combinado com os funcionários para atender a pedidos de clientes. Em franca produção, a fábrica produz 1.500 pares de calçados por dia. “Gostaríamos que a notícia fosse outra, mas, infelizmente a situação ficou inviável”, concluiu Leonel.