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Molhados mas realizados
Somos pequenos jovens com idade variando entre 7 e 10 anos e entramos para os Lobinhos para sermos atendidos principalmente em um desejo, o de passar a noite no mato, ouvindo os barulhos da floresta, os sapos a cantar na lagoa, olhar as estrelas, apreciar o caminho da lua, isto tudo sem medo, amparados pelos nossos chefes. Passamos a semana inteira treinando em casa, dormindo debaixo da cama, montando barracas com os lençóis, arrumando e desarrumando nossas mochilas umas quantas vezes.
No sábado, na sede do Grupo Escoteiro Botucaraí, parecia uma gincana. Pais chegavam de todos os lados “estourando” com barracas e para quem ainda não tem colchonete, com os colchões. Saímos em caravana de 10 veículos até a Vila Fátima, na propriedade do senhor Nelson Schultz, um lugar que lembra o paraíso. A primeira tarefa foi montar as barracas em meio ao mato. Os pais, alguns sem muita prática, pediam auxílio aos chefes escoteiros para ajudarem a armar “nossas casas”. Os pais foram liberados para retornarem e ficamos nós, na companhia de cabritos, porquinhos, terneiros e as caixas de abelha que devíamos manter distância e administrar nossa nova morada.
Recebemos as orientações sobre as atividades e iniciamos nossos jogos, quebra-cabeças, exploração da natureza, ecologia. Desenvolvemos atividades variadas e assistimos a Tropa Sênior (maiores de 15 anos) atravessar o lago com seu bote construído com taquaras e câmaras. Foi uma festa. Enquanto isto, os Escoteiros (11 a 15 anos) montavam seu acampamento, construindo mesas e fogões aéreos com material da natureza, sem agredi-la.
Mas o céu começou a escurecer e os primeiros raios e trovoadas vieram para nos assustar. Juntamos-nos com as chefes Bella, Mara e Grazzi como pintos. E a chuva começou com toda força. Tornou-se difícil caminhar, pois o barro começou a se formar e a grama a inundar. Em uma operação rápida, o senhor Nelson preparou os telheiros e fizemos a operação mudança de barracas, que inteiras passaram a ter um teto, sem uma gota d’água. Nosso Fogo de Conselho passou a ser Lanterna de Conselho e dentro do galpão cantamos sob a regência do Chefe Júlio as mais belas canções escoteiras e desenvolvemos teatros sobre o tema escolhido – preconceito. Belas histórias foram apresentadas.
A chuva deu uma trégua e lá fomos nós para o mato, ao som do coro de sapos regidos por um sapo-boi, onde em um cerimonial muito lindo fizemos a despedida da Bia e da Ana Cláudia, pois elas completaram 11 anos e se despediram na nossa Alcatéia, saindo do mundo da fantasia para ir viver na “Terra dos Homens”, que é a tropa de Escoteiras, iniciando uma preparação para a vida. A travessia do túnel no escuro e com obstáculos foi uma surpresa e ao saírem do outro lado, onde os escoteiros e seniores com seus chefes Marco Henker, Daniel Lutdke, Xampu e Cláudio Radtke as esperavam. Muito choro pela alegria do momento.
A noite foi de muito barulho com trovoadas e muita chuva. No amanhecer, após as orações do café, arrumamos nossas mochilas – que coisa difícil achar as roupas dentro da barraca – os pais foram chamados para nos buscar. Voltamos realizados, apesar de um pouco molhados. Nossa alegria por vencer o obstáculo de passar a noite em meio aos barulhos. Aprender a organizar nossas coisas, lavar nossas louças, contar com os amigos. Sim, isto tudo é bom demais. Fizemos um convite: venham viver o que tem de bom na vida. Sejam escoteiros como nós. Apareçam sábado a tarde na sede e renovem suas energias. Lobinhos do grupo escoteiro Botucaraí.
• Lobinhos do Grupo Escoteiro Botucaraí