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Coisas que s? acontecem no ver
Estou na iminência de chegar e lascar um cascudo no pé do ouvido do próximo que chegar e me disser: “Que calor, né?”. Ora, bolas, queriam o que, geada, neve? O verão é a época do calor aqui como em todo o mundo e muita gente fica feliz com isso, porque pode ir à praia tomar caipirinha, comer milho verde e assar as pelancas ao sol. Este ano não deu pra ir e, eu, privilegiado pelo poder de percepção, astúcia e colocação de vírgulas em frases intermináveis que, ao final, daria para resumir em uma, duas ou três palavras, acompanhei coisas interessantes por volta de casa. Os meus cachorros, por exemplo, que nunca foram à praia, estão meio que desolados. A Laika, uma pastora alemã... falo dela depois para abrir um parêntese. Este negócio de ter raça de cachorro pastor alemão é muito complicado. Quase todos os pastores que conheço, inclusive os lá da paróquia de Cabrais, o Sidney e o André, são alemães, e fico com um medo danado de falar sobre cachorros perto deles. Imaginem a cena em que figuram duas pessoas conversando sobre cachorro e um pastor (da igreja) com a orelha esticada escutando papo: – “O pastor é um bicho bem relaxado. Todo dia come carniça e chega em casa fedendo. O pequeno é mais limpinho e não tem tanto pelo e nem come tanto que nem o grande”. O pastor Martim, que mora ali na praça, tem cachorros, mas da marca (marca??) boxer, e isto é para evitar que alguém chegue e chame: “Pastoooooor!”, e apareça um cachorro. Hum. Complicado isso, caso que não acontece com bispos, padres, ministros, presbíteros, diáconos e com uma vasta gama de apóstolos contemporâneos. Voltamos aos calor. Pois nesta época de calor os cachorros incorporam o espírito de tatus (os pastores também não gostam que se fale disso) e começam a escavar no gramado. Eu não sei se eles não têm boa memória e esquecem de onde enterraram as sobras de churrasco e coisas assim, ou simplesmente estão procurando um lugar mais fresquinho para descansar. Outra coisa que pouca gente observa no verão é a vastidão de capim em roda de casa. Muita gente, por puro desconhecimento, roça ou capina, como se não entendessem que o crescimento desenfreado do capim tem algum significado. Pois é lá que as galinhas vão procurar sombra para o calor, uma vez que no galinheiro não tem ar-condicionado e, tampouco, geladeira ou mesmo um bebedouro refrigerado. Sacaneiem as galinhas cortando o mato e elas sacanearão você fechando a cloaca. Então não me taxem de relaxado se passarem lá por casa e virem algum capim. E por falar em cloaca, alguma coisa não está certa com a anatomia destes bichos, o ovo deveria ser menor ou... deixa pra lá, Deus sabe o que faz. As mulheres é que tem sorte em não procriar desta forma. Fico imaginando como seria o ninho, a posição e a cantoria na hora do nascimento. Se bem que também é difícil imaginar um homem trepado num pau de cerca e gritando à toa tipo um galo, mas isto é assunto para uma outra hora.
A exceção e a regra
Um provérbio árabe diz assim: você até pode dizer tudo que sabe, fazer tudo que pode e gastar tudo o que tem. Mas nunca acredite em tudo o que ouve, principalmente quando o objetivo é reduzir a pó o esforço e a dedicação de muitos a favor de uma sociedade melhor. Duvide sempre da galinha que muito cacareja e que nunca põe ovos.
Luís Roberto Alves