Logo Folha de Candelária
Rural 25/07/2025 14:05
Por: Isabel Bohrer Porto

As raízes e o futuro da agricultura familiar

  • Sara Gewehr junto a uma de suas hortas

O dia 25 de julho, Dia do Colono, remonta à chegada dos imigrantes alemães ao Brasil há 201 anos atrás. E um dos principais legados deste fluxo migratório é um modelo de produção que existe até hoje: o trabalho em família numa pequena propriedade. Na parte alta do interior de Candelária, na localidade de Vila União, a história da jovem Sara Gewehr se entrelaça com a da agricultura familiar. Filha de Celso Gewehr e Janice Quoos Gewehr, Sara cresceu entre lavouras, hortas e animais e, hoje, apesar dos desafios, vislumbra um futuro de permanência no campo.

Desde pequena, acompanhava os pais nas tarefas do campo. Contudo, ainda não tinha consolidado para si qual seria a sua profissão. “Quando comecei o meu curso técnico, ainda não sabia o que fazer. Chegou a hora do TCC e fui pensar no que eu gostava. Me dei conta que eu realmente gostava do trabalho daqui, onde cresci, né? Vendo a minha mãe e o meu pai na lida, ajudando eles, é algo que aprendi a gostar”, revela.

Hoje, aos 20 anos, ela soma à experiência prática a formação técnica. É formada em Agronegócio e também concluiu um tecnólogo em Agricultura. Mas a maior lição talvez venha mesmo do exemplo familiar: o cultivo de alimentos com dedicação, diversidade e responsabilidade.

Na propriedade da família, como afirma o ditado popular, “não há o que não haja”. Tabaco, milho, soja, trigo, feijão, verduras, vaca leiteira, e por aí vai. Nas hortas, especialmente cuidadas por Sara, crescem alfaces, couves, beterrabas, rúculas e muito mais. Tudo com uso mínimo de agrotóxicos. “É como meu pai fala: nós trabalhamos com diversidade. E isso que me fez seguir esse caminho. Afinal, todo mundo gosta e precisa comer, né?”, resume.

Sara é uma das associadas da Coopercande, cooperativa de agricultura familiar fundada em 2023. Por meio dela, também participa de programas como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que incentiva a produção local e saudável. Ela destaca que, com iniciativa, o campo pode oferecer sustento e futuro. “Querendo trabalhar, dá para vender de tudo”, diz.

Ao ser questionada sobre os próximos anos, ela se mostrou decidida: pretende seguir na roça. “Apesar de faltar um apoio maior para os jovens permanecerem no campo, ainda penso ser melhor do que ir para a cidade”, conclui.