Por: Isabel Bohrer Porto
As raízes e o futuro da agricultura familiar
O dia 25 de julho, Dia do Colono, remonta à chegada dos imigrantes
alemães ao Brasil há 201 anos atrás. E um dos principais legados deste fluxo
migratório é um modelo de produção que existe até hoje: o trabalho em família
numa pequena propriedade. Na parte alta do interior de Candelária, na
localidade de Vila União, a história da jovem Sara Gewehr se entrelaça com a da
agricultura familiar. Filha de Celso Gewehr e Janice Quoos Gewehr, Sara cresceu
entre lavouras, hortas e animais e, hoje, apesar dos desafios, vislumbra um
futuro de permanência no campo.
Desde pequena, acompanhava os pais nas tarefas do campo.
Contudo, ainda não tinha consolidado para si qual seria a sua profissão. “Quando
comecei o meu curso técnico, ainda não sabia o que fazer. Chegou a hora do TCC
e fui pensar no que eu gostava. Me dei conta que eu realmente gostava do
trabalho daqui, onde cresci, né? Vendo a minha mãe e o meu pai na lida, ajudando
eles, é algo que aprendi a gostar”, revela.
Hoje, aos 20 anos, ela soma à experiência prática a formação
técnica. É formada em Agronegócio e também concluiu um tecnólogo em
Agricultura. Mas a maior lição talvez venha mesmo do exemplo familiar: o
cultivo de alimentos com dedicação, diversidade e responsabilidade.
Na propriedade da família, como afirma o ditado popular,
“não há o que não haja”. Tabaco, milho, soja, trigo, feijão, verduras, vaca
leiteira, e por aí vai. Nas hortas, especialmente cuidadas por Sara, crescem
alfaces, couves, beterrabas, rúculas e muito mais. Tudo com uso mínimo de
agrotóxicos. “É como meu pai fala: nós trabalhamos com diversidade. E isso que
me fez seguir esse caminho. Afinal, todo mundo gosta e precisa comer, né?”,
resume.
Sara é uma das associadas da Coopercande, cooperativa de
agricultura familiar fundada em 2023. Por meio dela, também participa de
programas como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que incentiva
a produção local e saudável. Ela destaca que, com iniciativa, o campo pode
oferecer sustento e futuro. “Querendo trabalhar, dá para vender de tudo”, diz.
Ao ser questionada sobre os próximos anos, ela se mostrou
decidida: pretende seguir na roça. “Apesar de faltar um apoio maior para os
jovens permanecerem no campo, ainda penso ser melhor do que ir para a cidade”,
conclui.