O encontro dos candelarienses com as riquezas da terra

Toda e qualquer história só existe de fato se for contada, lembrada e valorizada ao longo do tempo. O solo candelariense, por sua vez, guarda páginas e páginas de uma história oculta há milhões de anos. Entretanto, graças ao trabalho de especialistas em paleontologia junto a profissionais da educação, as descobertas destas ‘páginas de barro’ não seguirão restritas aos círculos acadêmicos e, aos poucos, passarão a ganhar vida nas escolas.

O livro “O aniversário do Dino Jr.”, escrito e produzido por Cesar Leandro Schultz, Voltaire Dutra Paes Neto e Pedro Henrique Fonseca, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), chegará às escolas de Candelária nesta semana. Mais do que uma história da já tradicional família do Candino, a obra é uma ferramenta pedagógica que visa apresentar os antiquíssimos habitantes destas terras às crianças da comunidade candelariense.

No enredo, a festa surpresa de Dino Jr., o filho do casal Candino e Candina, serve de pretexto para a apresentação destes animais do período Triássico, cujos fósseis foram escavados em Candelária. Cada personagem é retratado como morador da região em que foi encontrado, como o Teyu (Teyumbaita sulcognathus) e Exa (Exaeretodon riograndensis), por exemplo, residentes da Linha Facão. Este exemplo ilustra a aproximação que se pretende criar no processo de aprendizagem, de modo que se possa “incutir nas crianças uma identificação geográfica, cultural e histórica com estes habitantes do passado”, como consta na apresentação do livro.

O esforço de produzir ferramentas didáticas para o ensino da paleontologia nas escolas do município teve início em 2019, com o curso “Paleoeduca: A paleontologia na educação de Candelária”. Além de valorizar o imenso patrimônio científico de Candelária, o ensino da paleontologia estimula a reflexão crítica sobre a história do planeta e da vida que existe nele. Nesse sentido, o livro surge como um produto, dentre outros, provenientes deste trabalho de extensão universitária da UFRGS em Candelária.

Direitos autorais pertencem à prefeitura

Um dos entraves burocráticos, segundo Elisangela da Cruz de Souza, da Secretaria Municipal de Educação de Candelária, foi a cessão de direitos da obra à prefeitura. Segundo ela, durante a pandemia houve uma troca da instituição responsável por realizar a ficha catalográfica do livro; ou seja, o documento que ajuda a identificá-lo, catalogá-lo e localizá-lo dentro de um acervo. Nisso, todo o trabalho feito no início do ano passado se perdeu e só pôde ser reiniciado este ano. “Nós tivemos que refazer todos os trâmites”, lamenta Elisangela.

Hoje, os direitos da obra pertencem integralmente à prefeitura. Carla Martin Goelzer, secretária da educação do município, relata que, com a retomada dos trâmites em 2021, o objetivo era lançá-lo ainda na semana do município. “Nós mandamos fazer 500 exemplares para serem distribuídos nas escolas”, explica Carla. A maior parte será destinada às escolas municipais, mas as instituições de ensino (privadas e estaduais) que participaram do curso do Paleoeduca também receberão exemplares. Carla e Elisangela reiteraram o esforço para que o lançamento coincidisse com a semana do município. Afinal, nada mais justo que “O aniversário de Dino Jr.” se dê junto a mais um aniversário desta terra. (Mais informações sobre as iniciativas pedagógicas envolvendo a paleontologia candelariense, podem ser encontradas em: paleoeducacandelaria.com.br).