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25/08/2009 16:56
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Do paganismo ao cristianismo

Segundo alguns historiadores, tudo teria começado há dois mil anos antes de Cristo, na antiga Mesopotâmia. Dentre as religiões pagãs, havia, no dia 25 de dezem-bro, a comemoração do Natalis Solis Invicti, ou o Nascimento do Sol Invencível. Devido à chegada do inverno, em que as noites se tornavam extremamente longas, eles acreditavam que cabia ao seu deus principal, conhecido como Marduk, derrotar aos monstros do caos. O festival de passagem para o novo ano, cujo ritual durava doze dias, pregava que o rei deveria morrer junto ao seu deus, a fim de preservar a continu-idade da vida na Terra. Para poupar o rei, um criminoso era vestido com as roupas reais e, usufruindo de todos os privilégios, carregaria todos os pecados do povo ao ser morto. Um ritual semelhante era realizado pelos persas e babilônicos.
Idêntica festividade era celebrada pelos romanos, em homenagem ao planeta Saturno, num período variável entre 17 de dezembro a 1º de janeiro, quando as escolas eram fechadas e ninguém trabalhava. Estas comemorações, denominadas saturná-lias, originaram, mais tarde, o carnaval. Já no Egito, celebrava-se a passagem do deus Osíris para o mundo dos mortos. Estas comemorações pagãs reverenciavam sempre algum deus, tendo, em comum, festas regadas com muitas orgias, beberagens, comilanças e o ato de presentear uns aos outros, geralmente com comidas ou dinheiro.
A maior parte dos historiadores concordam que o primeiro Natal cristão teria sido comemorado no ano 336, depois de Cristo, quando o papa Constantino teria proporcionado a “conversão em massa” de pagãos ao “cristianismo”, ao aceitar que cha-massem a festa de 25 de dezembro, ou dia do nascimento do deus-sol, em dia do nascimento do Filho de Deus. Esta aceitação, no entanto, foi rejeitada por grande par-te dos cristãos da época, que a denominavam de frivolidade indecorosa, pois consideravam que a única coisa alterada tinha sido o nome da festa, não havendo, por parte dos novos convertidos, alterações fundamentais em seu comportamento, sem qualquer seguimento aos ensinamentos de Jesus.
Com a queda do sistema feudal e a ascendência crescente do capitalismo, os cristãos passaram, cada vez mais, a assimilar o dia 25 de dezembro como sendo a data do Nascimento de Cristo. E hoje, no mundo Ocidental, dentre os seguidores de Jesus, encontramos hábitos bem distintos, em que o consumismo é praticado pela grande maioria; outros, porém, mantêm-se fiéis aos Seus ensinamentos, comemorando a data com reservas, ou seja, buscando neste dia apenas uma forma de comunhão com Deus, através de orações e reflexões interiores, culto de louvor a Cristo, visitas fraternais a necessitados, comidas moderadas, sem teor alcoólico e sem a troca desenfrea-da de presentes.

Marli Marlene Hintz
pesquisadora e escritora,
autora de Retalhos de Candelária, da pré-história à colonização européia