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25/08/2009 16:56
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Os s?mbolos natalinos

Assim como a data, também vários símbolos compõem o evento natalino no mundo Ocidental. Destacam-se entre eles:
Papai Noel - tem sua origem vinculada ao bispo Nicolau de Myra, na Ásia Menor, durante o séc. V, canonizado mais tarde como São Nicolau. Sendo muito rico, Nicolau teria passado a distribuir sua fortuna aos pobres, na forma de presentes, deixados sempre às escondidas aos necessitados. Sua primeira dádiva teria sido a três jovens muito pobres que, por não dispor de recursos para pagar os dotes de casamento, teriam resolvido se prostituir, a fim de conseguir o dinheiro. Comovido com a situação das moças, Nicolau teria jogado pela janela (alguns dizem pela chaminé), durante três noites seguidas, um saquinho contendo moedas de ouro. Desse modo, teria possibilitado às jovens abandonar a prostituição.
Durante o séc. XIX, com o início da produção industrial em massa de todo tipo de presentes e sua conseqüente necessidade de venda, teria surgido a necessidade de criação de um bom garoto-propaganda. Sem referências religiosas, Thomas Nast teria desenhado a imagem do Papai Noel tal qual o conhecemos na atualidade. Em 1931, o sueco Haddon Sundblon, numa tentativa extremamente bem sucedida da Coca-Cola, em conquistar o público infantil, passou a utilizar o Papai Noel, cujo nome, nos Estados Unidos, era de Santa Claus. Sua roupagem, antes marrom, passou a ser vermelha e branca, cores da marca do produto.
Já entre os cristãos, o ato de presentear passou a simbolizar as ofertas feitas pelos três reis magos ao menino Jesus.
Presépio - Foi criado por São Francisco de Assis, em 1223, quando, ao idealizar a cidade romana de Greccio, teria montado o primeiro presépio, em tamanho natural, numa gruta da cidade. Presépio, em hebraico, significa “a manjedoura dos animais”, sendo também utilizado como sinônimo de estábulo, lugar onde nasceu Jesus. O que restou daquele presépio encontra-se atualmente na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.
O hábito de manter o presépio nas salas dos lares, com figuras de barro ou madeira, difundiu-se por toda a Europa até chegar ao Brasil. Muitos cristãos, no entanto, rejeitam esta representação, tendo-a antes como um altar construído ao próprio Baal, baseados na observação bíblica, contida em Êxodo 20,3-6: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus manda-mentos.”
Coroa ou guirlanda - Eram memoriais de consagração, entendidos como enfeites, oferendas, ofertas para funerais, celebração memorial aos deuses e à vitalidade do mundo vegetal, bem como de vítimas sacrificadas aos deuses pagãos. Significa um “adorno de chamamento”, ou “porta de entrada de deuses”. A maior parte dos deuses egípcios sempre aparece com uma guirlanda na cabeça. Já, na Bíblia, a única guirlanda mencionada foi feita em Roma, sendo toda de espinhos, com a qual coroaram Jesus, como forma de desprezo e zombaria.
Cartões - Surgiram na Inglaterra, em 1843, através de John C. Horsley que os deu a Henry Cole, ao sugerir cartas rápidas de felicitação aos familiares e amigos.
Árvore de Natal - Árvores, em geral, vêm sendo reverenciadas desde tempos remotos. A mais antiga seria ainda da época em que Ninrode, na antiga Babilônia, teria se casado com Semíramis, sua própria mãe. Após a sua morte, sua esposa-mãe teria propagado a doutrina de que Ninrode sobrevivera como ente espiritual, através de um grande pinheiro que crescera da noite para o dia, de um pedaço de árvore morta e nela deixava presentes.
Os egípcios cultuavam as palmeiras, levando seus galhos para dentro de casa no dia mais curto do ano, naquela região, ou seja, em dezembro, simbolizando o triunfo da vida sobre a morte. Já os germânicos festejavam o carvalho sagrado de Odin. Os romanos, por sua vez, enfeitavam suas casas com pinheiros durante a Saturnália e adornavam carvalhos com maçãs para celebrar o Solstício de Inverno.
No cristianismo, esta tradição teria iniciado com Martinho Lutero em 1530, que, certa noite, ao passear na floresta, teria se impressionado com a beleza do cenário: pinheiros cobertos de neve e estrelas cintilantes no céu. Para reproduzir a imagem aos familiares, presenciada por ele na mata, teria ornado galhos de árvores em sua casa.

Marli Marlene Hintz
pesquisadora e escritora,
autora de Retalhos de Candelária, da pré-história à colonização européia