Logo Folha de Candelária
25/08/2009 16:56
Por:

Em oito anos, Rohde assume a C?mara pela terceira vez

O vereador tucano André Carlos Rohde assumiu no dia 1º de janeiro a presidência do legislativo candelariense, em substituição ao colega da mesma sigla Anselmo Vanderli da Silveira. Aos 38 anos, é a terceira vez que Rohde é alçado através de eleição à chefia do legislativo – já havia presidido em 2004 e 2005 – , e desta vez, por unanimidade, fato que não acontecia há 27 anos, quando Rui Porto foi eleito em 1982. Em seu segundo mandato como vereador, Rohde analisa 2007 como um ano bom. Ele deu a volta por cima após ser expulso do partido pela executiva municipal no dia 24 de maio, alegando ser uma manobra do prefeito Lauro Mainardi com o intuito de desprestigiá-lo politicamente. O fato foi revertido depois da intervenção da executiva estadual que destituiu a comissão local e nomeou Sahra da Silveira para presidir o partido interinamente. Depois da debandada dos tucanos tidos como afinados com o prefeito, uma nova eleição alçou Rohde à presidência do partido. Segundo ele, restaram os filiados que denominou “verdadeiro PSDB”. Foi a gota d’água que fez transbordar de vez o balde da discórdia e o rompimento definitivo das relações com o prefeito com quem dividiu os palanques em 2004.
A eleição de Rohde na Câmara revela uma possível fotografia do que será o pleito de 2008, com o PSDB fazendo oposição ferrenha não ao PMDB, mas à pessoa de Lauro Mainardi. O apoio de toda a bancada do PP ao tucano já adianta uma possível coligação para tentar derrubar o prefeito em outubro próximo caso seja confirmada sua candidatura. Enquanto isso, o PDT segue uma trajetória de indefinição com respostas evasivas do presidente Percival Freitas à imprensa, que não adianta de jeito nenhum quem o partido irá apoiar.
Na quarta-feira, 2, Rohde deu sua primeira entrevista do ano à Folha de Candelária, falou sobre seus planos, descartou a criação das assessorias parlamentares e anunciou que criará a assessoria de imprensa da Câmara com o objetivo de divulgar à comunidade as atividades parlamentares. Acompanhe a entrevista.

Folha: O apoio do Partido Progressista à sua eleição na Câmara já desenha uma possível coligação para outubro?
Rohde: Existe uma afinidade de idéias entre os partidos, mas quem irá decidir sobre coligações serão os diretórios. Se nosso diretório decidir que sim, sou favorável. Creio que a melhor solução seria consultar o povo através de pesquisa, afinal, deve prevalecer a vontade da maioria. Tanto o PP como o PSDB possuem pessoas capazes e com experiência administrativa e queremos uma coligação forte, para todos terem as mesmas chances para colocarem suas idéias em prática.

Folha: Uma possível coligação com o PMDB está descartada?
Rohde: De forma alguma. Não temos nada contra o PMDB, o que está descartada é a presença de Lauro Mainardi na chapa majoritária. Se for outro candidato, vamos analisar as conveniências. A forma com que Mainardi vem administrando o município, com falta de harmonia e a falta de vontade política de buscar recursos fora não condiz com nossa ideologia. O prefeito deveria aprender com o prefeito de Novo Cabrais (Valério Lawall), a se aproximar da elite política e trazer recursos para cá. O que ele comprou até agora foi tudo financiado e em três anos de governo o que conseguiu fazer foi quatro casas de sucata. No tempo dos prefeitos Ronildo Gehres, Moacir Thumé e René Hübner tivemos a construção de inúmeras moradias para assistir as classes menos privilegiadas de nossa sociedade. Uma mostra de seu caráter o prefeito deu em entrevista para a própria Folha de Candelária, dizendo que não se arrepende de nada. Ora, não existe ser humano que nunca errou, e não compactuamos com este tipo de opinião. A forma com que o prefeito manipula as pessoas através de oferecimento de empregos na prefeitura é algo sem cabimento. As pessoas deveriam ser aproveitadas pela sua competência, não através de negociatas de cargos em troca de aprovação de projetos.

Folha: Tu és candidato a quê?
Rohde: Não sei ainda. Da última vez que falei a respeito acabei penalizado pela justiça, ademais, é muito cedo para falar a respeito. No entanto, o candidato que apoiar certamente terá um perfil diferente, que não deixe indústrias irem embora, que acredite que as empresas grandes podem vir para cá e não taxá-las de fantasma, como no caso da Gazin; que não deixe a população desassistida como no caso dos últimos temporais em que sequer houve comunicação à defesa civil, que não deixe o hospital sem plantão médico à população por atraso na renovação dos convênios, que trate a população do interior como ela merece ser tratada, com boas estradas, que dê um jeito em conseguir licença da Fepam para extração de cascalho no nosso rio, enfim, vou apoiar um governo que não seja só de mídia e que realmente trabalhe.

Folha: Tu vês conturbado o ano de 2008?
Rohde:
Eu sei receber críticas, mas também sei cobrar. Vou cobrar a aplicação dos R$ 400 mil que a Câmara devolveu à prefeitura para serem aplicados no ginásio do Passa Sete. Também vou acompanhar de perto junto ao Ministério Público o andamento da CPI, oferecendo ao promotor todos os subsídios para que ele apure a verdade dos fatos já revelados por nossos vereadores e puna os culpados. Evidentemente que farei de tudo para aproximar os poderes, cuja relação está bem desgastada, afinal, não fica bem para Candelária nem para a população esta rivalidade que se criou. Logicamente que o governo que aí está tem suas coisas boas, e isso deve ser aproveitado, como a decoração de Natal na Pereira Rego, mas é bom lembrar que a praça, que a ornamentação natalina, que o túnel de luzes foram feitos em outras gestões, que o chafariz chegou através de verba da Corsan. O que não se pode é fazer demagogia em cima dos outros.

Folha: Está nos seus planos a devolução de verbas, a exemplo do vereador Vandi?
Rohde:
Primeiramente gostaria de esclarecer que o prefeito foi infeliz em divulgar que devolvi somente R$ 28 mil na minha gestão de 2005. Naquele ano, o legislativo recebeu uma gama de benfeitorias, como gabinetes para os vereadores, compra de móveis, enfim, uma estrutura completa para atender bem ao povo de Candelária. A Câmara é do povo, para o povo ocupar, e para criar um espaço digno é necessário investimento. Quanto à devolução de dinheiro, pretendo realizar reuniões com a mesa diretora e os demais vereadores para traçar metas, a exemplo do que acontecia até 2004, durante a gestão do prefeito Elcy. Se o prefeito for intransigente e querer fazer valer somente seus interesses, vou comprar um terreno para o município e dar início à construção de um prédio próprio para a Câmara.

Folha: E o projeto das assessorias?
Rohde:
A maioria dos vereadores não quer agora a criação dos cargos, e vou respeitar a decisão. Não vou criar os cargos neste ano, mas quero criar a assessoria de imprensa para repassar aos jornais e rádios as notícias do legislativo, que muitas vezes não chegam ao conhecimento da população.