Logo Folha de Candelária
25/08/2009 16:56
Por:

A interpreta??o como experi?ncia de vida

Alveni dos Santos divide seu tempo entre o trabalho no Colégio Nossa Senhora Medianeira e suas idas pontuais ao Rio de Janeiro, onde se dedica a uma paixão: a arte de interpretar. Não foram poucas vezes que se pôde assistir a aparição de Alveni nas novelas da Rede Globo, onde trabalha como figurante. No último mês novamente ela esteve na Cidade Maravilhosa, período em que trabalhou, passeou e foi a shows e teatros, além de assistir aos desfiles de carnaval das escolas de samba do Grupo Especial. Segunda conta, este foi o quarto ano que participou da festa. “Dois anos desfilei, em 2002 e 2004, e dois anos fiquei na platéia”, relata.
No entanto, segundo revela, um dos momentos mais marcantes aconteceu em seu trabalho. Durante dois dias a equipe da Globo rompeu as barreiras do Projac e gravou cenas para a novela Sete Pecados no Complexo Penitenciário de Bangu. Ao lado de colegas de figuração e de estrelas como Priscila Fantin e Reynaldo Gianecchini, ela conheceu a realidade do local, que tem mais de 21 mil pessoas. “Foi uma experiência de vida única. Vivenciamos o que é realmente uma penitenciária”, recorda (veja relatos a seguir).
Além dessa atuação, onde fez a personagem de uma detenta, Alveni também gravou cenas no carnaval da Portelinha para a novela Duas Caras (imagens que já foram ao ar) e também teve participação em um especial dos Mamonas Assassinas, que deve ser exibido no próximo mês. A candelariense conta que ainda esteve na platéia do Big Brother Brasil durante a eliminação de Thalita, e na platéia do Domingão do Faustão. “O apresentador é uma pessoa muito legal e bastante educada”, garante.
CAMINHO – Conforme Alveni dos Santos, uma das grandes preocupações da Rede Globo é em dar veracidade às cenas das novelas. Por isso, os figurantes são imprescindíveis. No entanto, segundo adverte, para participar das gravações não é fácil. É preciso estar ligado a uma agência de figurantes e percorrer um longo caminho para chegar até onde ela está.

Ficção e mundo real
É uma segunda-feira, dia 28 de janeiro. Hoje a Rede Globo de Televisão tem locações no Complexo Presidiário de Bangu. Dentre a figuração chamada para as cenas de Sete Pecados estou eu, na expectativa de conhecer o local.
Várias as sensações... Medo, tristeza, surpresa, mas, acima de tudo, uma balançada no olhar sobre o mundo real. De uma produção eficiente, Gianecchini, ao aceno das presidiárias, palavras agressivas, gestos amistosos e depreciativos e aos fatos mais macabros contados pelas agentes de segurança.
O que se passa atrás daquelas grades? Não sei. Sei que a mim chega energia negativa, tão deprimente como o lixo que se vê ao lado da penitenciária e sobre o qual pairam os corvos daqueles dejetos. Aonde chega o ser humano? Perde a noção de dignidade? Mergulha na podridão e não consegue ou não quer sair?
O fato é que, rondando nossa tranqüilidade, essa realidade existe e ver ao vivo é muito mais alarmante do que quando assistimos na TV. Na trama de Sete Pecados, ficção e mundo real se confundem e na minha mente, mesmo quando fecho os olhos, a imagem daquele depósito humano carregado de crimes hediondos tende a perturbar minha mente. Cerro os olhos e agradeço por ser capaz de viver nesse mundo com dignidade e liberdade, mesmo sabendo que existe um mundo real mais cruel do que na ficção.

Alveni dos Santos