Por:
Quando a dor interfere no dia-a-dia
A dentista Alessandra Steil hoje está afastada do seu consultório. Há dois anos ela teve que abandonar a odontologia por causa de tendinite e bursite, problemas que há muito mais tempo já haviam se manifestado. Como acabou deixando de lado as recomendações médicas, as doenças se agravaram e hoje seu trabalho limita-se a serviços burocráticos no setor de saúde bucal da secretaria municipal de Saúde. Os esforços repetitivos da profissão e a falta de cuidados foram o estopim para a atual situação de Alessandra, que recomenda a todas as pessoas que não cometam o mesmo erro. “Não se deve exagerar no trabalho. É preciso se cuidar e nunca deixar de praticar exercícios físicos, o que também é muito importante”, argumenta.
Assim como a dentista, inúmeras outras pessoas sofrem das chamadas Ler/Dort, Lesões por Esforços Repetitivos/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. As Ler/Dort atingem trabalhadores de diferentes ramos, constituindo-se atualmente em um problema de saúde pública. Neste sentido, com a intenção de promover melhores condições de vida na região de sua abrangência, o Cerest/Vales (Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador da Região dos Vales), instituiu a 1ª Semana Macrorregional de Combate às Ler/Dort, de 25 a 29 de fevereiro.
Com o apoio das coordenadorias regionais de Saúde, Univates, Umrest de Rio Pardo e Santa Cruz do Sul e secretaria municipal de Saúde de Candelária, o evento teve inúmeras atividades durante a semana em várias cidades da região. Ontem, 28, as atenções estiveram voltadas para Candelária, que sediou o 3º Seminário Regional da 13ª CRS. O encontro foi no salão paroquial da Igreja Matriz e contou com várias explanações, como a da assistente social Jaqueline Domingues da Costa, uma das coordenadoras do Cerest/Vales, uma palestra sobre Ler/Dort com o médico do trabalho Paulo Barros de Oliveira, além da abordagem da fisioterapeuta Rosemari Santi Boessio.
IMPORTÂNCIA – Para Jaqueline Domingues da Costa, estas atividades regionais são de suma importância, uma vez que informam sobre o tema aos 68 municípios da região de abrangência do Cerest/Vales. “Nosso objetivo é discutir juntos para diminuir números, prevenir novos casos e tornar cada pessoa um multiplicador, divulgando o assunto na família, no trabalho e na comunidade”, pondera.
O detalhe
As Lerd/Dort referem-se a um grupo de doenças que atingem as estruturas osteomusculares (tendões, sinóvias, articulações, nervos, músculos), principalmente dos membros superiores (mãos, punhos, antebraços, cotovelos, braços, ombros) e da coluna cervical (pescoço). Tendinites, epicondilites, síndrome do túnel de carpo e bursite são alguns exemplos. As manifestações das Ler/Dort costumam aparecer aos poucos, sendo a dor o principal sintoma. Diminuição de força e destreza, formigamento, dormência, sensação de peso, distúrbios do sono e sofrimento psíquico também costumam estar presentes.
Dor e aprendizado
A agricultora Janete Manske, de 41 anos, também sobre com uma tendinite no ombro esquerdo. Devido a fortes dores, há quatro anos ela procurou ajuda média e, através de um traumatologista, descobriu a doença. Desde então, aprendeu a conviver com o problema, que não tem cura. “Cuido para não me machucar e assim que aparecem os sintomas faço tratamento com analgésicos e antibióticos”, conta.