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Avano da luta das mulheres
A Constituição Federal do Brasil, de 1988, representou um grande avanço na conquista feminina desta país ao reconhecer e declarar a igualdade entre homens e mulheres. O crescimento da participação das mulheres no mercado do trabalho é uma realidade, embora a questão da igualdade salarial ainda não tenha sido conquistada na sua integridade.
Estes avanços não caíram do céu, eles foram conquistados ao longo de décadas. Basta relembrarmos a origem da data em que se comemora o 8 de março, Dia Internacional da Mulher, como o dia em que 129 tecelãs foram trancadas e mortas numa fábrica incendiado pelos seus patrões, porque reivindicavam a redução da jornada de trabalho de 16 para 10 horas diárias e a igualdade de salário com os homens. Isso ocorreu em 1857, há 150 anos, e a data só foi reconhecida pelas Nações Unidas em 1975, após centenas de protestos desencadeados em todo o mundo por milhares de mulheres.
No meio rural gaúcho, o movimento de mulheres só ganhou forças a partir do início da década de 70, capitaneado por ações desencadeadas pelos Sindicatos de Trabalhadores Rurais, Emater, Igrejas e algumas cooperativas. O Movimento tomou vulto em 17 de outubro de 1985, quando reuniões municipais e regionais resultaram num encontro de 10 mil mulheres trabalhadoras rurais no Gigantinho, em Porto Alegre. Em 1987, no 8 de março, Porto Alegre presenciou a maior mobilização da história das trabalhadoras rurais, quando mais de 30 mil mulheres agricultoras marcharam pela ruas centrais exigindo direito à aposentadoria, à previdência, à saúde, à política agrícola e agrária, entre outras.
O silêncio se rompeu e o grito destas mulheres irradiou-se pelos quatro cantos do estado, envolveu o país e chegou a Brasília, centro do poder, garantindo a maior de todas as conquistas que as trabalhadores rurais já haviam tido: o reconhecimento da profissão de mulher trabalhadora rural e com isso, entre outros, o direito à aposentadoria como segurada especial.
No meio rural, a aposentadoria está trazendo um enorme impacto positivo na renda das famílias e na redução da pobreza, trazendo um novo arranjo nas famílias, em que os idosos de esquecidos e dependentes passam a ser o esteio de sustentação das famílias. Para os municípios o impacto também é muito positivo, pois esta renda, em sua grande maioria, é gasta no local.
Mas os avanços das mulheres não param por aí. A participação em reuniões, assembléias, debates fez com que conquistassem espaços nas diretorias destas entidades, nos poderes legislativo e executivos. A direção de muitos sindicatos e da própria FETAG é composta por no mínimo 30% de mulheres, além de participação massiva em atividades como a realizada em Candelária e centenas de outros municípios que envolveu mais de 80 mil mulheres neste oito de março.
A luta não acabou, ainda há muito caminho a seguir para que, efetivamente, as mulheres consigam conquistar a tal almejada e necessária igualdade de gênero. Esta deve ser uma luta de homens e mulheres, que ao caminhar lado a lado estão construindo uma sociedade mais justa e igualitária.
Anselmo Piovesan, assessor parlamentar