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25/08/2009 16:56
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Aposta no leite

Há muitos anos Candelária já viveu tempos dourados como grande produtor de leite, chegando, em 1989, a comercializar 15 mil litros por dia. Com o estímulo à fumicultura no início da década de 90, esses números caíram significativamente e a produção perdeu espaço. No entanto, a partir da criação do Programa de Desenvolvimento da Bacia Leiteira em 2006, uma força conjunta foi estabelecida no município para reverter essa realidade. Na última sexta-feira, 4, mais uma ação dentro deste projeto foi desenvolvida.
O II Seminário de Desenvolvimento da Bacia Leiteira aconteceu na sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e contou com a presença de inúmeros produtores, além de representantes de entidades envolvidas com o programa, como STR, Sindicato Rural, Emater/RS – Ascar, prefeitura municipal, secretaria municipal de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente e órgãos financeiros. Já em sua abertura o evento apontava indícios de sua importância, como ressaltado nos discursos de Juarez Cândido e Lauro Mainardi. Conforme o presidente do STR, somente com a integração de todos será possível retomar o crescimento da bacia leiteira em Candelária. “Sem disputa de mérito e de beleza, trabalhando em união, é que vamos conseguir”, disse Cândido. Posicionamento compartilhado pelo chefe do executivo, que ainda enalteceu a importância de diversificação da produção primária e defendeu o constante aperfeiçoamento dos homens do campo.
Durante o encontro, os presentes acompanharam duas palestras técnicas. A primeira, “Táticas e técnicas para produção e comercialização de leite”, foi ministrada na parte da manhã por Renne Berwanger, ex-integrante da Comissão Estadual do Leite. Já na parte da tarde o médico veterinário Jorge Luis Cardoso explanou sobre “Fatores técnicos que afetam a bovinocultura leiteira, com ênfase em alimentação, reprodução e sanidade animal”. Em entrevista è Folha, os palestrantes defenderam a realização de aperfeiçoamentos constantes aos produtores. “Este tipo de evento tem que ser feito seguidamente para que os produtores não caiam no comodismo e não esqueçam dos ensinamentos repassados”, defende Berwanger, que se considera um entusiasta. “Acredito em saídas para o pequeno produtor, que hoje é um gigante adormecido”, ponderou. Jorge Cardoso, especialista em bovinocultura do leite, também aposta ser fundamental que cursos e seminários tenham certa freqüência. “É importante reforçar para firmar conhecimento e a melhor forma para isso são reuniões para debate e troca de informações”, argumenta.
OPINIÃO - A intenção de investir em um novo negócio na propriedade rural impulsionou o produtor Elvandir Martins, da localidade do Pinheiro, a ir até o II Seminário de Desenvolvimento da Bacia Leiteira. Plantador de fumo, ele conta que enxerga na produção leiteira um bom negócio. “É uma atividade em que a renda é mais constante”, alega. Martins já está inseminando algumas novilhas e, assim que tiver mais vacas, pretende começar a produzir. Para ele, a atividade de sexta-feira foi muito produtiva, já que acumulou conhecimentos importantes para seu novo negócio.
Quem também esteve no STR foi Adriano Severo, que estava acompanhado do pai Duarte Severo. Grandes produtores de leite da localidade do Capão do Valo, eles defendem a realização de cursos e seminários para propagar experiências. “A gente nunca sabe o suficiente. É imprescindível sempre estar buscando novos conhecimentos”, defende Adriano. Hoje, a propriedade da família conta com 32 vacas em lactação, que produzem aproximadamente 500 litros por dia. Segundo revela, a atual produtividade é cerca de 70% maior do que quando começaram no ramo.