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Energia: apag?o prossegue no Campo
É dramática a situação dos moradores de Capão do Valo. Se na cidade o apagão de segunda-feira durou 18 horas e muita gente se incomodou, lá a falta de luz ainda prossegue, trazendo inúmeros transtornos à localidade. No mercado do Carlinhos da Rosa, 50 quilos de carne guardadas nos freezers já viraram alimentos para os animais, bebida gelada não existe e tampouco água, uma vez que o poço artesiano que abastece também as moradias de 65 famílias também parou de funcionar. Para tomar banho, os adultos trocaram os chuveiros pelos açudes e a água para cozinhar vem das cacimbas dos vizinhos. Também a escola Octacílio Pessoa de Oliveira serve-se das águas das cacimbas para o preparo da merenda escolar aos seus 90 alunos. Até às 20 horas de ontem, quando do fechamento desta edição, eram 75 horas sem luz.
SAFRA – A localidade também está sofrendo prejuízos com a agricultura, já que o secador de grãos da Cotriel está parado desde segunda-feira; mesmo problema verificado pelos produtores que têm secadores próprios. A Borracharia do Vando deixou de funcionar e quem precisa consertar pneus de carros ou máquinas tem de levar a Cachoeira do Sul. Segundo Carlinhos da Rosa, foram mais de 12 ligações ao atendimento da AES Sul. "A concessionária alega que o problema é da Cristel e nunca temos previsão de restabelecimento da energia. "Um repassa o problema para o outro e a gente tem que agüentar", sintetiza.
Moradores já estudam ajuizamento de ação
Para o morador de Capão do Valo João Brum, de 33 anos, os apagões não são nenhuma novidade. “Mas este passou longe do limite da tolerância”, queixou-se. No Natal de 2006, ele teve um prejuízo na ordem de R$ 200,00, após perder toda a carne que tinha estocada no freezer quando a localidade ficou sem luz por 52 horas. A ação na justiça está em andamento e, segundo ele, uma nova, desta vez de forma coletiva, deverá buscar o ressarcimento dos prejuízos causados até agora. O tesoureiro da Associação do Poço Artesiano do Capão do Valo, Lauro da Rosa, 33, perdeu 90 quilos de carne estocadas em casa e é outro que irá buscar reparação na justiça. “Tenho até medo de abrir a tampa do freezer”, destacou. Brum e Rosa ligaram também para o 0800 da AES Sul e obtiveram a mesma informação de que os serviços são de responsabilidade da Cristel.
MOSQUITOS – Por sorte, a cacimba que abastece as residências dos amigos é forte e, por enquanto, não há problema de falta de água. Os contratempos maiores são mesmo com relação ao trabalho e à higiene pessoal, já que as crianças tem de tomar banho de “canequinha” e os adultos apelar para o açude. Quem está surtindo fumo tem de começar mais tarde e encerrar o trabalho mais cedo. “Os únicos que estão abastecidos são os mosquitos”, brincou Brum. “Sem televisão para assistir e sem os aparelhos que os afastam funcionar, o jeito é dividir o quarto com eles e tentar dormir na esperança de que este pessoal se sensibilize e resolva o problema”, comentou.
OUTRAS REGIÕES – Segundo a AES Sul, até o final da tarde de quarta-feira eram 1.036 os moradores de Candelária que ficaram sem luz. Nas localidades de Linha do Rio, Quilombo e parte da Rebentona, a luz foi religada somente por volta das 18h. Na tarde de ontem, foram várias as tentativas de ligações telefônicas ao escritório da AES Sul de Santa Cruz do Sul para ouvir do gerente Carlos da Rocha uma previsão para religação da luz no Capão do Valo. Ou o telefone estava ocupado ou ninguém atendia ao chamado. O grande movimento de caminhões da empresa Attivare, terceirizada da AES Sul no centro, dá indícios de que há um trabalho intenso de reforma nas redes de luz do interior. Na quarta-feira ao meio-dia, pelo menos 45 homens fizeram a refeição no BarAba, mas nenhum quis dar mais detalhes sobre os trabalhos.