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Becker responde crticas
Convidado para depor dia 9 na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga supostas irregularidades na cobrança de taxas na secretaria responsável pelo esporte, o secretário municipal de Finanças, Ottmar Becker, não compareceu, alegando problemas de saúde. No dia do depoimento, membros da CPI encontraram Becker na prefeitura, circunstância pela qual foi criticado por vereadores. Na semana passada, o secretário participou de programa na Rádio Princesa, na qual reiterou o impedimento por razões de saúde para atender a convocação naquela data, colocando-se à disposição, por outro lado, para prestar todos os esclarecimentos a respeito das questões sob investigação. “Estou ansioso para comparecer, pois tenho muita coisa para falar”, assinalou. Na sessão do Legislativo de segunda-feira, 26, Becker foi mais uma vez criticado por suas declarações, conforme mostra o Resumo da Câmara.
Ouvido pela reportagem da Folha no meio da semana, Ottmar Becker afirma que alguns vereadores estão empenhados em produzir fatos políticos, não se importando em denegrir a imagem de seus adversários. E, para tanto, conforme acrescenta, contam, inclusive, com a colaboração de órgãos de imprensa da cidade, interessados também em produzir factóides políticos. Neste sentido, Becker salienta que uma CPI não investiga responsabilidades, mas sim irregularidades. “Mesmo assim, pessoas chamadas para depor são taxadas em jornal como envolvidas”, enfatiza.
O secretário diz ter como provar que no dia 9 de maio acordou com uma forte indisposição. Em virtude disso, procurou auxílio médico. “Tenho os comprovantes dos medicamentos que comprei naquela data”, acrescenta. Explica ter ido à prefeitura em razão de compromissos inadiáveis que não tinha como delegar, incluindo o pagamento de contribuições previdenciárias e de parcelamentos, cujos atrasos resultariam em multa para a municipalidade. “Cumpri com minhas obrigações para que a prefeitura não ficasse inadimplente como ocorria em passado recente. A prova disso é que a atual administração já pagou cerca de R$ 1,5 milhão de juros e correção monetária referente à dívida acumulada de contribuições devidas e não pagas”, ressaltou.
Perguntas sem resposta
Para Ottmar Becker, situações muito mais graves do que as que estão sendo levantadas pela Câmara agora continuam sem resposta. “Deixar de pagar contribuições obrigatórias que resultaram em prejuízo até agora de R$ 1,5 milhão não mereceriam uma CPI?”, pergunta. Lembrou também do rumoroso caso da Ponte dos Siqueira, que a administração passada declarou como pronta e lá se identificam apenas dois pilares. “O dinheiro declarado como investido na ponte foi parar onde?”, questiona, informando que o caso gerou a abertura de processo junto ao Ministério responsável. “No âmbito da Câmara Municipal, no entanto, não gerou nenhum questionamento, muito menos uma CPI”, frisou. Segundo Becker, nesta CPI estão denunciando supostas irregularidades que ocorriam no governo passado. “Tenho documentos que comprovam isso, demonstrando que o dinheiro de cauções passava pelas mãos de secretários ou responsáveis pela pasta”, observou. “Esses recursos eram recebidos através de documento sem assinatura e também não existem comprovantes da efetiva destinação do dinheiro”, emendou.
O secretário ainda apresentou uma denúncia nova que, por certo, também vai gerar repercussão. Ele relatou que, durante o governo municipal passado, o município recebeu uma verba, através de emenda do deputado federal Mendes Ribeiro Filho, destinada para a reforma da cozinha do Hospital Candelária. O repasse previa uma contrapartida de R$ 8.900,00 aproximadamente, que a prefeitura teria se negado a assumir. Segundo Becker, informações de pessoas ligadas à Casa de Saúde indicam que o governo municipal da época efetivamente não repassou o recurso. Mas ele afirma que, estranhamente, a prestação de contas apresentada pela prefeitura inclui a contrapartida como se ela tivesse efetivamente sido prestada. Para Becker, questões como essas é que deveriam despertar o interesse dos vereadores que se apresentam como vigilantes do dinheiro público, e não questões que comprovadamente não geraram nenhum prejuízo para a municipalidade.