Logo Folha de Candelária
25/08/2009 16:56
Por:

Acidente com morte na rodovia esquecida

A inércia do Governo do Estado em recuperar as condições de tráfego da RS 400 acabou se transformando em tragédia para uma família porto-alegrense na tarde do último domingo, 1º de junho. No grave acidente de trânsito estiveram envolvidos os veículos Pajero HPE placas JBT 0363, de Porto Alegre, conduzida por Baltazar Talayer Júnior, de 45 anos, e o Fiat Palio placas ILN 4200, de Santa Cruz do Sul, conduzido por Daniel Schaefer, de 22. Os dois veículos viajavam no sentido Passa Sete/Candelária quando, por volta das 16h10, no quilômetro 11, próximo ao acesso à Ponte do Império, aconteceu a fatalidade. Segundo o apurado pela Polícia Rodoviária Estadual, o motorista do Palio teria reduzido a velocidade por causa de um buraco existente na pista de rolamento. Neste momento, o motorista da Pajero, que seguia atrás, teria tentado desviar, abalroando o Palio e perdendo o controle do veículo. Desgovernada, a Pajero acabou saindo da pista e batendo em um barranco. Quando voltou, rodopiou por pelo menos quatro vezes até parar. A aposentada Yonar Lindenmeyer Talayer, de 73 anos, que viajava de carona, ficou presa às ferragens por mais de uma hora aguardando a equipe de socorro. Ela só foi encaminhada ao Hospital Candelária próximo das 18h e, não resistindo à gravidade dos ferimentos, acabou morrendo.
CARONAS – Também viajavam na Pajero Madelaine Lindenmeyer Tallayer, Casireli Lima Barbosa e Ramiro Barbosa Tallayer, de 14 anos. O jovem apresentava sinais de traumatismo craniano e foi encaminhado às pressas ao Hospital Ana Nery, em Santa Cruz do Sul, por determinação de um médico amigo da família que chegou no local instantes após o acidente. As duas mulheres e o motorista da Pajero sofreram ferimentos leves e o motorista e a caroneira do Palio, Patricia Lovato, não se feriram. O acidente só não teve proporções maiores devido ao sistema de air-bags da Pajero, que ficou destruída. No Palio, o dano se resumiu à quebra do espelho retrovisor esquerdo.

Uma tragédia anunciada
Depois de inúmeras promessas por parte do Daer em recuperar a RS 400, um acidente com vítima fatal seria apenas uma questão de tempo. A tragédia anunciada acabou se confirmando com a morte da aposentada Yonar Lindenmeyer Talayer e só não tomou proporções maiores por causa do eficiente sistema de air-bags da caminhoneta. A exemplo do trevo do Pinheiro, antes apelidado de “Trevo da Morte”, muitas vidas foram ceifadas até que uma solução eficaz fosse colocada em prática. O que se espera é que não sejam necessárias outras mortes para que a RS 400 receba a atenção merecida das entidades governamentais.

Velocidade x buracos
Daniel Schaeffer, motorista do Palio, esteve ontem pela manhã no Centro de Remoção e Depósito Mattana, onde olhava desolado para o que restou da Pajero. Ele aguardava a liberação de seu carro, que teve somente o espelho retrovisor do lado esquerdo quebrado, e relatou alguns fatos sobre o ocorrido. Daniel acredita que o motorista da Pajero estivesse dirigindo em alta velocidade, pois disse que não viu a caminhoneta se aproximar. “Aconteceu tudo muito rápido. Só escutei um barulho do lado do carro e quando vi a caminhonete estava cortando minha frente”, contou. “Ela bateu contra o barranco e quase quase nos atingiu quando voltou à pista, rodopiando”, disse. Schaeffer, como as demais pessoas que acompanharam o episódio, reclamou da demora por parte da equipe de socorro. Segundo afirmou, se passou bem mais que uma hora até que a aposentada Yonar Talayer fosse retirada da Pajero para ser socorrida. “Ela ainda estava consciente e falando conosco. Se não fosse a demora, talvez o desfecho não tivesse sido trágico”, resignou-se.