Por: Diego Foppa
Caiu a ficha: orelhões desaparecem das ruas
Objeto praticamente perdeu a importância com a evolução dos celulares; gradualmente, eles estão sendo retirados pela Oi, operadora responsável pelo serviço
Houve um tempo em que sair de casa com uma ficha telefônica era uma prática comum. Era um tempo no qual celular nem existia, ou era um objeto considerado de luxo. Mas isso já tem mais de três décadas. De lá pra cá, as coisas mudaram. A evolução dos celulares, que fazem muito mais do que ligações, praticamente monopolizou a forma de comunicação entre as pessoas. Com isso, os telefones públicos se tornaram obsoletos e estão sumindo das ruas.  
No Rio Grande do Sul, a concessionária responsável pelo serviço é a Oi, operadora que está em processo de recuperação judicial. Antes dela, o serviço era operado pela Brasil Telecom, que foi comprada pela própria Oi por R$ 5,8 bilhões. A Brasil Telecom, por sua vez, havia adquirido em 2000 a Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), empresa pública que era responsável pelos orelhões gaúchos. "Com a evolução da tecnologia e as novas necessidades da sociedade, além do fim próximo dos contratos de concessão da Oi, tornou-se necessário discutir o atual modelo de concessão. O objetivo é estimular investimentos em redes de banda larga, entre outros avanços", disse a Anatel em nota à reportagem.
Essa discussão entre as partes resultou em um novo acordo, que deixou a Oi livre de regras antes impostas pela concessão, incluindo a instalação e a manutenção dos orelhões em cidades onde ela não é a única operadora de telefonia móvel atuando. Sendo assim, a prestação do serviço dos Telefones de Uso Público (TUPs) passou a ser opcional. Porém, o Termo de Autocomposição estabelece que a Oi deve manter o serviço em regime privado em 10.650 localidades de 2.748 municípios onde era a única prestadora. Em Candelária, conforme a Anatel, apenas a localidade de Linha Palmeira se enquadra nessa obrigação de manter o orelhão até 2028. Este é o único orelhão ainda em funcionamento no município. 
LEMBRANÇAS 
Na cidade, é possível perceber ainda alguns orelhões, como na Marechal Deodoro. Porém, são com aparelhos inoperantes, quebrados, enferrujados ou rabiscados. Moradora do Bairro Esmeralda, a professora aposentada Roseli Simão nem lembra de quando utilizou um orelhão pela última vez, mas destaca que os aparelhos foram de extrema importância em outros tempos. “Poucas pessoas tinham linha fixa em casa. Portanto, o orelhão era uma maneira de se comunicar com os familiares”, relata. Foi utilizando um orelhão que a aposentada conseguiu comunicar o falecimento de um familiar. “Um tio meu morreu e seu filho estava no quartel em Santa Maria. Fui até o clube (Rio Branco), onde tinha um orelhão para ligar para lá e pedir para avisa-lo”, relembra. 
 
                 
                                                    