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25/08/2009 16:56
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O Botucara para o mundo

Não é de hoje que a comunidade candelariense sonha com um projeto capaz de explorar o grande potencial do cerro Botucaraí, tornando o ponto isolado mais alto do Estado em referencial para um grande complexo turístico, com apelo nacional e até internacional. No início da década de 60, a Rádio Princesa do Jacuí liderou a criação de uma sociedade anônima que buscaria viabilizar um empreendimento incluindo um hotel, restaurante e até um bondinho aéreo para facilitar o acesso dos turistas ao local. O bonde com capacidade para oito pessoas chegou a ser comprado pela sociedade, mas acabou abandonado junto com a paralisação de todo o projeto. Pois quase 50 anos depois, norte-americanos que visitam a cidade mostram interesse em liderar um empreendimento ainda mais ousado, capaz de atrair as atenções do mundo sobre Candelária.
Apresentado de surpresa durante o baile de sexta-feira, 4, no Clube Rio Branco, o projeto está sendo tratado, por enquanto, como uma idéia. Segundo explicaram ontem à reportagem Andrew Jackson - prefeito da cidade de Candelária situada no Texas - e Robert Leonard, durante a visita que realizaram em março do ano passado foram apresentados ao Botucaraí, conhecendo seu potencial inigualável e o interesse do município em desenvolver um empreendimento para explorá-lo turisticamente.
O PROJETO - Diante da excelente acolhida na cidade e com o interesse em levar adiante um intercâmbio econômico, os americanos desenvolveram a idéia apresentada agora no retorno ao Brasil. Com inspiração no Farol de Alexandria, o empreendimento se baseia na construção de uma grande estrutura à base de pedras, sobre a qual seria instalado o farol em forma de facho de luz com as cores do arco-íris. Os americanos projetam que, nos moldes em que está idealizado o projeto, essa luz poderá ser vista desde Porto Alegre.
Ao mesmo tempo que impressiona, o projeto também desperta ceticismo pelo porte e pelo alto custo. Com o português aprendido nos cerca de 10 anos vividos em São Paulo, Robert, ou Bob como é tratado informalmente, esclarece que o plano é audacioso, sonhador até, mas não tem nada de mirabolante. Sua viabilização poderia ocorrer através da criação de uma fundação encarrecada de captar os recursos. Eles ainda não têm uma noção mais precisa sobre custos, mas estimam que a realização de todas as etapas totalizem um investimento aproximado de U$ 15 milhões. Tais etapas incluem um amplo restaurante, um hotel e, quem sabe, o sonhado teleférico até o alto do cerro.
Se o Farol de Alexandria tinha cerca de 121m, o do Botucaraí teria 122m, o equivalente a um prédio de 39 andares. Os americanos mostram-se dispostos a integralizar U$ 1 milhão na fundação, valor que serviria como uma espécie de seguro aos demais investidores. A idéia é comercializar mundo afora pedras que seriam usadas na estrutura. Cada adquirente teria seu nome gravado na construção. Bob acredita que a oferta de tais pedras teria um grande apelo, lembrando que nos Estados Unidos muitas pessoas estão comprando estrelas com seu nome. Andrew Jackson acrescenta que um famoso arquiteto americano, Larry Mast, está trabalhando em um projeto para o empreendimento. Os americanos sabem que um projeto de tal porte implica em uma série de etapas que precisam ser vencidas antes de levá-lo adiante. Isso inclui o sinal verde do município e da comunidade, a desapropriação das áreas e, sobretudo, a autorização dos órgãos ambientais.

Inspiração no Farol de Alexandria
O Farol de Alexandria era uma torre construída no Século III a.C, na ilha de Faros, em Alexandria, Egito, para servir como marco de entrada do porto desta cidade e, posteriormente, como farol. Considerada uma das maiores produções da técnica da Antigüidade, foi construído em 280 a.C. pelo arquiteto e engenheiro grego Sóstrato de Cnido a mando de Ptolomeu. Sobre uma base quadrada erguia-se uma esbelta torre octogonal de mármore com uma altura que variava entre 115 e 150 metros de altura, que por mais de cinco séculos manteve-se entre as mais altas estruturas feitas pelo homem. Em seu interior ardia uma chama que, através de espelhos, iluminava a uma distância que chegava a 50 quilômetros, daí a grande fama e imponência daquele farol, que fizeram-no a ser identificado como uma das sete maravilhas do mundo antigo por Antípatro de Sídon.