Por:
Motoqueiro ladro perde o caroneiro
Um extenso trabalho de investigação realizado pela Polícia Civil resultou na captura de Edison da Silva, o “Chocolate”, de 25 anos, suspeito de ter participado nos assaltos a mão-armada na cidade durante os últimos 30 dias. E foi justamente a primeira vítima do bandido, que agia com a cumplicidade de um motoqueiro, que possibilitou sua prisão. Uma touca em tom azul com barra clara foi utilizada por Chocolate no dia 15 de julho, quando o alvo foi a padaria Della Fronteira, na rua Gaspar Silveira Martins, no Rincão Comprido.
Trabalhando com a suspeita do envolvimento de “Chocolate” nos ataques ao comércio, a polícia solicitou à justiça um mandado de busca e apreensão para reunir elementos que se configurassem em provas irrefutáveis para sua autuação. O mandado concedido pelo juiz foi cumprido pelos agentes na tarde da última sexta-feira, 15, na residência do suspeito, na rua Santo Antônio, também no Rincão. Ele estava no local quando a polícia chegou e não ofereceu resistência à prisão. Na casa foram encontrados uma touca e o revólver calibre .38 utilizado para intimidar as vítimas.
Levado para a DP, a proprietária da padaria e seu filho reconheceram o assaltante, o que motivou o delegado Eron Marques de Lemos pedir a prisão preventiva de “Chocolate”, que foi homologada imediatamente pelo juiz Gérson Martins da Silva. Mesmo assim, o suspeito negou a autoria dos assaltos e se utilizou do direito constitucional de somente se manifestar em juízo. Ele permanecerá no Presídio Estadual de Candelária pelo período que a justiça julgar necessário.
A prisão de Edison da Silva traz certo alívio ao comércio, que trabalhava assustado à mercê da ação da dupla que preferia o horário de fechamento das lojas para agir. Porém, existe a hipótese de que mais elementos estejam envolvidos nos assaltos e que continuam sendo alvo de investigação pelos agentes da DP.
"Bem de ficha"
Edison da Silva, o “Chocolate”, é bastante conhecido no meio policial. Aos 25 anos, já tem passagens por estelionato, receptação, lesões corporais, posse e tráfico de entorpecentes e furtos. Ele foi um dos acusados de envolvimento no assassinato morte do garoto Darlei dos Santos, de 8 anos, em agosto de 2003. Na casa onde mora na rua Santo Antônio, por todos os cantos foram encontradas roupas de marcas famosas e de fazer inveja aos mais abastados. Como não trabalha, é de suspeitar de onde teria dinheiro para manter tal padrão de vida.
Prisão de assaltante é resposta às críticas, diz delegado
Para o delegado Eron Marques de Lemos, a prisão do outro assaltante, o motociclista, é apenas uma questão de tempo. Porém, como no caso de “Chocolate”, é necessária a comprovação da materialidade ou de indícios suficientes da autoria para que isso aconteça. “Não se trata apenas de fazer valer a vontade do delegado ou de seus agentes”, argumentou Lemos, lembrando que nenhum juiz determina a prisão de alguém que tenha cometido fato criminoso sem que haja elementos suficientes para comprovação do delito.
Diante das críticas dirigidas à polícia em nota no Jornal de Candelária, ele telefonou pessoalmente para o editor da Folha para prestar alguns esclarecimentos frente à opinião pública. O periódico afirmou, na página 2 da última sexta-feira que a polícia civil “permanece inerte, só nos gabinetes, enquanto os bandidos fazem a festa assaltando estabelecimentos da cidade. (...) impossível que não se saiba quem são os bandidos e onde os encontrar falta vontade na nossa polícia para fazer alguma coisa. Ou estão com medo de serem assaltados mesmo.(...)
Lemos acredita que a nota foi publicada porque a polícia não teria repassado à reportagem do Jornal certas informações que, diante da divulgação, pudessem interferir nos rumos da investigação. “A Polícia Civil não trabalha para o Jornal, ela produz informações que geram notícia, mas certas pessoas parecem não entender isso”, argumentou. “A nota foi totalmente equivocada e elaborada por pessoa que desconhece que o trabalho da Polícia Civil é repressivo e o da Brigada Militar, preventivo”, continuou Lemos. “Se olhassem para as reportagens de edições anteriores, veriam que o grande número de prisões é feita pela BM, apesar de todas as dificuldades materiais e de pessoal, tanto na Polícia Civil como na Brigada Militar”, esclareceu. “Há de se lembrar que as polícias trabalham juntas, o primeiro assaltante foi preso, as investigações continuam e enquanto não prendermos todos os envolvidos continua cabendo à polícia dizer o que se pode ou não divulgar”, reiterou.
“A única resposta que posso dar para quem escreveu a coluna é a prisão do primeiro elemento envolvido nos assaltos e dizer a crítica de nada irá acrescentar em nosso trabalho”, concluiu Lemos.