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Seminrio aponta a preveno como caminho
A dependência química é, infelizmente, um problema inerente nos dias atuais e uma grande preocupação. Hoje, não se pode falar em saúde pública sem lembrar dos danos causados pelas drogas em diversos aspectos, aos usuários, seus familiares e também à sociedade. Mas quais são as soluções para esta situação? Como minimizar as causas para este problema? Certamente, o melhor remédio é a prevenção e a conscientização. Mas para os que já ingressaram neste negro caminho, a luz no fim do túnel chama-se força de vontade.
Exemplo de perseverança e amor à vida, o jovem “Paulo” (nome fictício para preservar sua identidade), de 21 anos, durante seis foi viciado em craque e cocaína, conhecendo de perto o drama da dependência. Quase no fundo do poço, ele percebeu todo o mal que circulava seus dias e, com a ajuda da família, procurou refúgio e socorro junto à Unidade de Recuperação de Dependência Química (URDQ) do Hospital Candelária. Após o tratamento, agora ele toma medicação para inibir a ansiedade e freqüenta semanalmente o Grupo Liberdade de Narcóticos Anônimos. Sua família também faz acompanhamento e encontrou no grupo Naranon alicerces para apoiá-lo. “Hoje, sou uma pessoa melhor e mais feliz”, comemora.
Assim como “Paulo”, muitos outros viciados também encontraram salvação, mas ainda há muita gente perdida e, infelizmente, muitas outras pessoas ainda podem ingressar nesse mundo. Para prevenir, discutir e apontar soluções, a Sociedade Beneficente Hospital Candelária promoveu ontem, 18, o V Seminário em Dependência Química – Álcool e outras drogas. O evento, que aconteceu no salão da comunidade Sinodal, reuniu mais de 200 pessoas e teve como tema “Dependência química: tem que sair de moda”. Focado principalmente na prevenção, o seminário contou com as explanações da psiquiatra Ana Cecília Marques, ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e outras drogas, e delegado Carlos Miguel Vaz Amodeo, do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente.
AVALIAÇÃO – Segundo a administradora do Hospital Candelária, Ladi Celita Loewe de Oliveira, a dependência química é um problema de grande preocupação em todas as classes sociais, sendo necessário a realização de ações que propiciem debates e questionamentos. “Com prevenção e conhecimento é possível evitar o uso indevido e generalizado das drogas”, explana. Ela ainda destaca que o seminário é uma ferramenta de troca de experiências de profissionais e interessados na questão da prevenção ao uso de drogas e um dos meios de enfatizar a redução dos fatores de risco e a ampliação aos fatores de proteção.
Amor à vida
A história de “Paulo” com as drogas iniciou quando tinha 15 anos. Como na maioria dos casos, seu primeiro contato foi por influência de amigos e para satisfazer sua curiosidade. Mas também como na maioria dos casos, a curiosidade levou ao vício. “A gente acha que não vai se viciar, que tem controle da situação, mas a droga é lenta, progressiva e fatal”, conta.
Depois de seis anos de dependência, o dinheiro para a droga acabou e a abstinência de poucos dias levou “Paulo” à reflexão. “Comecei a pensar o que realmente queria para minha vida e procurei meu pai, pois sabia que não conseguiria sozinho”, relata. Ele ainda ressalta que a internação gera, inicialmente, medo e desconforto, mas que com força de vontade e o apoio da família todos os obstáculos são ultrapassados. Atualmente, “Paulo” toma medicamentos inibitórios para a ansiedade e faz acompanhamento com o Grupo Liberdade de Narcóticos Anônimos. “Temos que amar mais a sala de NA do que a família, porque ela está devolvendo a nossa família”, explica. Consciente de que esta doença o acompanhará por todos os seus dias, ele tem a receita para uma vida plena e longe das drogas: autocontrole e apoio sempre!